sábado, dezembro 14, 2019

Ano A 3º Domingo do Adento


Ano A – III DOM do Advento - Gaudete
«NO MEIO DE VÓS ESTÁ ALGUÉM QUE NÃO CONHECEIS»

A liturgia do terceiro domingo do Advento é centrada no tema da alegria. De facto, a Igreja tradicionalmente chama ao terceiro domingo do Advento, domingo da alegria ou domingo Gaudete.
A cor litúrgica sugerida para este dia diz também a sua peculiaridade no todo do ano litúrgico. Neste sentido, toda liturgia ganha uma unidade: leituras, evangelho, orações em redor desta atitude e bem-aventurança bíblica: Alegrai-vos!
O episódio evangélico de hoje, (na realidade este domingo poderemos ler dois textos do evangelho) continua a orientar o nosso caminho em direcção ao Natal que se faz sempre mais próximo.
O evangelho deste domingo, do primeiro capítulo do evangelho de João, ajudar-nos-á a descobrir quem é Jesus e o perfil e traços do Evangelizador.

Evangelho segundo São João (1, 6-8.19-28)
Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Foi este o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e levitas, para lhe perguntarem: «Quem és tu?» Ele confessou a verdade e não negou; ele confessou: «Eu não sou o Messias». Eles perguntaram-lhe: «Então, quem és tu? És Elias?» «Não sou», respondeu ele. «És o Profeta?». Ele respondeu: «Não». Disseram-lhe então: «Quem és tu? Para podermos dar uma resposta àqueles que nos enviaram, que dizes de ti mesmo?» Ele declarou: «Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías». Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram: «Então, porque baptizas, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?» João respondeu-lhes: «Eu baptizo em água, mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias». Tudo isto se passou em Betânia, além Jordão, onde João estava a baptizar.

Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.

Estamos a ler o início do Evangelho de São João, o famoso prólogo, que aparece neste momento interrompido por estes dois versículos que nos falam de João Baptista. Um texto onde cada palavra ganha um significado especial. “João”, isto é, “Deus é amor misericordioso”. João o maior entre os filhos de mulher (Lc 7,28) é apresentado como testemunha, prova evidente (em grego “martyrian”). Testemunha da luz (em grego “fotos”: fogo, chama, luz espiritual).

O testemunho de João é neste contexto muito sugestivo. Ele testemunha com a sua vida, com todo o seu ser, a partir até do seu próprio nome que Deus é amor misericordioso. Ele é uma testemunha, aquele que faz experiência na própria pele, aquele que dá o devido protagonismo a quem o merece. Jesus é quem indica a verdade, é quem ilumina o caminho no meio da escuridão. João neste contexto interpela-nos a sermos testemunhas, aquelas testemunhas que ensinam com a vida, com o exemplo, tal como Paulo VI pedia aos cristãos do mundo inteiro: "O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres” (EN 41).

Foi este o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e levitas, para lhe perguntarem: «Quem és tu?» Ele confessou a verdade e não negou; ele confessou: «Eu não sou o Messias».

«Quem és tu?»: «Eu não sou o Messias». Eis a identidade de João: alguém que suscita admiração, alguém que suscita interrogações… mas alguém sobretudo que indica a verdadeira estrada, que indica a luz a seguir.

João interroga a sociedade do seu tempo, suscita curiosidade, suscita inquietação. A sua vida, o seu testemunho não deixa ninguém indiferente, ao ponto de lhe perguntarem: «Quem és tu?». É uma pergunta dirigida também a cada um de nós. Quem sou eu? Que a resposta de João Baptista: “Eu não sou o Messias”, o enviado, o esperado, o Salvador, nos ajude também a descobrir a nossa identidade, a redescobrir a nossa vocação, a pôr em marcha a missão que o Senhor nos pede. Quem somos, para onde caminhamos, o que fazemos neste nosso existir?

Eles perguntaram-lhe: «Então, quem és tu? És Elias?» «Não sou», respondeu ele. «És o Profeta?». Ele respondeu: «Não».

«És Elias?», «És o profeta?». “Elias” e “o Profeta” representam personagens ansiosamente esperadas pelo povo judeu, mas João não é nem um nem outro. Revela-se alguém inesperado. O “não” de João clarifica a sua identidade. Ele sabe bem quem é, qual a sua missão, mas é uma identidade que interpela com a vida, com os gestos. Não fala dele próprio, de si mesmo. A vida é toda em relação a ELE, isto confunde-os e ao mesmo tempo interroga-os.

Isto também nos a dá a nós que pensar… João interpela com a vida, não é que esteja preocupado por dizer quem seja, o que venha fazer, quem o enviou. Ele não quer ser protagonista, ele apenas indica. Isto certamente interpela-nos, interroga-nos sobre o verdadeiro lugar que ocupe Deus na nossa vida. Somos interpelados por Deus? Deixamo-nos interpelar por Deus? Que significado tem o amor de Deus nas nossas vidas?

Disseram-lhe então: «Quem és tu? Para podermos dar uma resposta àqueles que nos enviaram, que dizes de ti mesmo?» Ele declarou: «Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías».

A desorientação dos seus interlocutores é grande: tal como as pessoas que não têm fé e ficam desconcertadas, confusas com o agir de João Baptista. Assim, o percursor aos que procuram ainda saber quem seja apresenta-se com um texto de Isaías: “Voz do que clama no deserto”. Ele não é a luz, mas só a lâmpada que arde (Jo 5,35) que testemunha a verdadeira luz. Ele não é a Palavra encarnada, mas só a voz que prepara o caminho da conversão.

Ser instrumento, pôr-se à disposição, emprestar a sua vida como testemunho. “Eu sou a voz”, voz que é passageira, a palavra ao contrário permanece. Maria foi também esta voz que testemunhou com o seu sim a Palavra encarnada. E eu em que lugar me coloco: sou luz ou lâmpada? Sou porta-voz de Deus ou palavra gasta?

João é um incompreendido: não param de fazer-lhe perguntas. Denota por um lado que a sua vida era realmente interpelante, estranha, esquisita, mas ao mesmo tempo suscita um interesse especial que não deixa ninguém indiferente. Sacerdotes, levitas, fariseus, todos acudiram a João para saber quem fosse.

O testemunho de João é perseverante, é centrado em Jesus. Ainda que abundem incompreensões, perseguições, João escolhe preparar o caminho do Senhor. Preparar caminhos para que Ele passe, para que Ele chegue, para que Ele entre na nossas vidas, nas nossas cidades, no nosso mundo. João não se sobrepôs, mas fez-se instrumento. Eis mais um desafio à nossa vida, ao nosso caminho: ‘Endireitai o caminho do Senhor’

João respondeu-lhes: «Eu baptizo em água, mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias». Tudo isto se passou em Betânia, além Jordão, onde João estava a baptizar.

“Está no meio de vós está Alguém que não conheceis” eis o grande anúncio de João, o reino de Deus está aqui. “Betânia” ou “Betabara” significa casa da passagem ou casa da preparação, transfigura este caminho. Ele foi chamado a preparar, a anunciar.

João prepara o caminho, anuncia, é o precursor, mas anuncia uma realidade que vive e acredita. No meio de vós está alguém! Eis a grande certeza que não nos pode deixar indiferentes, a grande notícia que muda as nossas vidas, o grande anúncio que muda o rumo da história. João anuncia “alguém”, toca a cada um de nós descobri-lo, encontrá-lo, acolhe-lo, este alguém conta com o nosso sim, a nossa vida, conta connosco. No Natal que agora se aproxima Jesus far-se-á novamente presente no meio de nós. A sua Palavra por isso nos interpela novamente. Alegrai-vos!

Oração

Obrigado Senhor pela tua presença no meio de nós!
Eis o motivo da nossa alegria, da nossa esperança.
Obrigado por tudo,
Pelas luzes, pelas sombras,
Pelo amor e as traições
Pela vida, pela dor
Que em ti nos ajudam a descobrir sempre melhor o teu Amor.

Acção


Como posso preparar este encontro assim tão especial? Talvez seja de novo uma boa ocasião para encontrar-me com o Senhor no sacramento da reconciliação.



domingo, dezembro 01, 2019

Advento - Tempo de Esperança


 Eis que chega o tempo da esperança, da preparação, da vigilância. Para que o nosso coração se enriqueça desta certeza: Deus vem. O Senhor vem ao nosso encontro. Para que a nossa vida se inunde de um amor grande: Deus connosco, Emanuel. Para que o nosso ser seja plenamente enriquecido da graça da presença de um Menino que para nós é tudo. Vigiemos, portanto. Vivamos atentos. Preparemos todo o nosso interior para a chegada de Deus!
Estamos a começar o Advento. É um tempo para preparar o Natal. Ele é para todos, porque o Natal é também para todos.

O Advento é o tempo da esperança verdadeira. O Tempo em que Jesus Se encontra com cada um de nós e mostra a bondade do Pai. Mas há muita gente que não consegue ver esta verdade poderosa. Para ver Deus que Se revela é preciso ter o coração dos pequenos, o coração puro, capaz de se abrir à LUZ.
A caminhada da preparação para o Natal não é mais um adorno exterior, porventura até enriquecedor da liturgia do tempo, mas uma ocasião fundamental para darmos um ou mais passos para a frente. É um Tempo para aprender a esperar Deus que vem ao nosso encontro. Mas como se faz para preparar um encontro com Deus? A Palavra de Jesus é clara: "Há que acordar!" Que estar praparados para a mudança. Acima de tudo, há que despertar o coração. Às vezes, temos o coração pesado demais. Preocupações, desilusões, enganos, falsos deuses, valores insignificantes...há muita coisa a tornar pesado o nosso coração. E vivemos, como que anestesiados. Sem capacidade de reagir com entusiasmo e energia diante de um acontecimento inesperado.

O Advento é como uma obra de engenharia. É um tempo para avaliar a qualidade do terreno sobre qual construímos a nossa casa, a nossa vida.
Temos coragem de escavar mais fundo, à procura da rocha verdadeira que é CRISTO? Ou contentamo-nos com terrenos frágeis, sempre instáveis e movediços, incapazes de dar solidez e dignidade ao nosso futuro? Escavar em profundidade não é só escutar a Palavra de Deus: é pô-la em prática! Transformá-la em gestos concretos
 É importante, por isso, que toda a comunidade cristã (crianças, adolescentes, jovens e adultos), individualmente e em grupo, se empenhe neste processo. O Natal não é o passado histórico, celebrado de forma mais ou menos romântica e folclórica, mas é o presente da fé comprometido com o futuro esperado e possível. DEUS não é o passado: É o hoje e o amanhã.

O Advento oferece-nos dias de graça especial. Esta certeza deve animar a esperança aos discípulos, sobretudo em momentos de alguma confusão ou dispersão. Esperamos porque sabemos em quem colocamos a nossa confiança, porque estamos a preparar os caminhos de uma vinda que já há muito começou. Esperamos porque sabemos Quem vem ao nosso encontro. Desejar este encontro com o Senhor converte-se em urgência de vida, lança-nos na luta pelo que desejamos, e isso é Advento… Renovemos a consciência de nos inscrevermos na multidão daqueles que escutaram uma palavra que lhes falava do futuro… e acreditaram. Abraão, Moisés, Zacarias, Maria, José, Pedro e tantos outros. Deus vem ao nosso encontro, em amor e misericórdia, para recriar um Povo de coração novo.

Vamos procurar  contemplar as atitudes de Maria, a mulher que acolheu livre e plenamente a Palavra de Deus. Através dela, Deus deu ao mundo o Salvador. Meditemos na sua atenção à Palavra de Deus, na sua disponibilidade em acolher o plano salvífico de Deus para a humanidade, na sua humildade e confiança no Senhor, na sua atitude de serva. Façamo-nos acompanhar por Ela neste advento ao longo do qual Deus também nos convida a dar “espaço” em nós ao amor que encarna.

Video Advento

domingo, abril 14, 2019

Semana Santa



Estamos  na Semana Santa! O nosso itinerário quaresmal tem agora um momento de celebração e contemplação profundo, intenso, único. A memória de Jesus, na sua entrega, na sua paixão, no seu amor ressuscitado torna-nos capazes da mudança, da profecia, do anúncio, da vida nova, simplesmente... da fé. Passemos, também nós, corajosamente, da morte à vida, do pecado à graça, da vida à vida nova em Jesus Ressuscitado.

Jesus sentou-Se à mesa com os seus Apóstolos e disse-lhes: «Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de padecer; (...) tomou o pão e, dando graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: «Isto é o meu corpo  entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim». No fim da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo: «Este cálice é a nova aliança no meu Sangue, derramado por vós».
Depois da oração de acção de graças (em grego eucaristia), Jesus realiza um conjunto de gestos simbólicos substituindo os elementos da antiga páscoa (judaica) pelo seu próprio "corpo" e o seu "sangue". A narração da instituição da Eucaristia tem um claro carácter sacrificial: Jesus não oferece coisas, mas oferece-se a si mesmo.

O desejo intenso de Jesus indica a particularidade desta (última) ceia. Ele está plenamente consciente de que se aproxima o momento culminante da sua existência. Com os seus gestos e as suas palavras Jesus transformou aquelas circunstâncias trágicas e injustas no dom de si e na fundação da nova aliança. Dom e Aliança que se renova cada vez em que se celebra a Eucaristia. Talvez seja um bom momento para reflectir: com que "desejo" vivo a Eucaristia? Que sentido tem Jesus eucaristia na minha vida? Que significado teve esta entrega de Jesus “fazei isto em memória de mim”?

Então saiu e foi, como de costume, para o Monte das Oliveiras e os discípulos acompanharam-n’O. Quando chegou ao local, disse-lhes: «Orai, para não entrardes em tentação». Depois afastou-Se deles cerca de um tiro de pedra e, pondo-Se de joelhos, começou a orar, dizendo: «Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice. Todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua». Então apareceu-Lhe um Anjo, vindo do Céu, para O confortar. Entrando em angústia, orava mais instantemente e o suor tornou-se-Lhe como grossas gotas de sangue, que caíam na terra.

"Não se faça a minha vontade, mas a tua". Jesus transforma a sua vontade humana e identifica-a com a de Deus. É este o grande acontecimento do Monte das Oliveiras, o percurso que deveria realizar-se fundamentalmente em cada uma das nossas orações:  transformar, deixar que a graça transforme a nossa vontade egoísta e a abra para se conformar com a vontade divina. Nos momentos difíceis, sabemos pedir ajuda a Deus, com humildade e fé, para encontrar no seu amor de Pai a força para enfrentar os nossos maiores medos?

Levantaram-se todos e levaram Jesus a Pilatos. Começaram a acusá-l’O, dizendo: «Encontrámos este homem a sublevar o nosso povo, a impedir que se pagasse o tributo a César e dizendo ser o Messias-Rei». Pilatos perguntou-Lhe: «Tu és o Rei dos judeus?» Jesus respondeu-lhe: «Tu o dizes».
Pilatos disse aos príncipes dos sacerdotes e à multidão: «Não encontro nada de culpável neste homem».

Pilatos compreendeu desde o início que o tipo de acusação apresentada foi preparada com arte para não lhe deixar outra alternativa: reconhece a inocência de Jesus, mas por motivos de conveniência não quer colocar-se em oposição aos acusadores. Tendo entrado no tribunal como "condenado" Jesus sai agora como "inocente" e encaminha-se para a morte como o "justo (injustamente) perseguido".  

Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-n’O a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem». (...) E Jesus exclamou com voz forte: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito». Dito isto, expirou.
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Estas, são as últimas palavras de Jesus: palavras de perdão, de amor, de aliança; palavras com as quais resplandece mais uma vez o seu espírito filial. "Pai": as últimas palavras de Jesus recordam a sua primeira frase, pronunciada no templo de Jerusalém aos doze anos: "Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?". (Lc 2, 49).
Jesus é todo aqui, na sua relação com o Pai. Entregando-se ao Pai, anuncia a sua misericórdia e reconduz a casa cada "filho pródigo", que encontra no "bom ladrão" a realização plena. O seu é um arrependimento que não nasce de motivos humanos, de simpatia por Jesus; o "bom ladrão" converte-se porque, com os olhos da fé, descobre quem é verdadeiramente aquele Jesus que está crucificado ao seu lado.

Tanto desprezo à Tua volta, Senhor. E onde estou eu para Te defender? Que espero ter para Te defender? Uma “arma atómica”… ou a força da Tua mansidão? Tantos insultos, tantos olhares sem misericórdia… para Ti que usaste de tanta bondade e que revelaste o coração misericordioso de Deus. E estás crucificado, Jesus! As Tuas mãos não se podem mover. As Tuas mãos que se estendiam para os humilhados e para os doentes e para todos os sem esperança. Aqui tens as minhas mãos, aqui tens os meus braços para continuares a abençoar e a acolher, não têm a Tua bondade, mas são todas para Ti.
Quiseste, Jesus, anunciar a bondade de Deus. Quiseste distribuir a ternura de Deus, quiseste oferecer o perdão de Deus a todos, dignos ou indignos. Cumpriste a Tua missão. Agora gritas e morres na cruz. Que o Teu grito de entrega, Senhor, solte a minha voz para Te anunciar como verdadeiro Filho de Deus; que a Tua morte, Jesus, revigore as minhas forças, para que vivas em mim e eu viva para tantos que confiaste a meu cuidado.


VÍDEO: SEMANA SANTA

terça-feira, abril 02, 2019

Quaresma - Partir para uma Vida Nova




Se não estamos atentos, os mais belos e preciosos objetos podem estragar-se ou encher-se de pó. E o mesmo acontece com as pessoas, com os seus projetos, com as suas relações. E com a fé também. O sorriso, a confiança em Deus, o empenho pelo perdão, a oração, o serviço, podem estragar-se. Então, o coração já não é capaz de amar, vemos os outros e a realidade de maneira distorcida, deixamos de lado a oração, encostamos o projeto de vida a um canto, cresce o egoísmo e o medo dos outros.

Para contrariar essa tendência a comunidade cristã celebra a Quaresma. 40 dias para nos renovarmos, para limpar o pó que se acumula. É um tempo para reencontrarmos a verdade do nosso batismo, a verdade de nós mesmos. É um tempo para renascer, para dar novo vigor aos nossos projetos. Para escutar Jesus Cristo e a Sua Palavra. Para receber os sinais do seu amor na Eucaristia e no sacramento do perdão. Para modificarmos as tradições que nos impedem a fidelidade criativa ao Evangelho. Para nos deixarmos converter ao Deus centro do nosso existir. Sem cedermos à tentação, ao abandono, ao já gasto. Para vivermos numa óptica que exige ajustes constantes do ser ao Ser. Da vida à vida nova. Ao equilíbrio. À perseverança. À fé. Sem nos deixarmos tentar pela tentação de tentarmos a Deus. Jesus ensina-nos o como. Nós só temos que colocar o sentido e sermos coerentes com a resposta. No espírito da entrega, da renovação, da vida em Deus. Colocando o Senhor no centro.


Todos sabemos a importância que o deserto e o número “quarenta” têm no contexto do mundo de Israel. No deserto o povo foi também ele tentado ao abandono, a voltar atrás na sua opção fundamental de caminhar para o encontro com Deus. Quarenta anos de necessidades vencidas até chegar à terra da promessa. No mesmo deserto, durante quarenta dias, Jesus sofre a tentação. Para fazer ver o sentido da sua missão e a consciência da sua fidelidade ao mais importante. Um exemplo para nós.

Para isso existe a Quaresma: para que possamos olhar a vida e olhar-nos na nossa vida; para que saibamos prestar atenção aos caminhos onde Jesus triunfa e optar pelos projetos onde Cristo é vitória, para caminharmos os caminhos de Deus. Este é o tempo de apagarmos os ruídos que ensurdecem, para escutarmos a voz de Deus. Para nos deixarmos seduzir por Deus nos desertos do nosso ser e voltar às fontes originais da vida que significam fidelidade e entrega permanente.

Este é o tempo de irmos para o deserto...
O deserto é o lugar da liberdade e da tentação. Da fidelidade a Deus e da dúvida. Do amor e dos egoísmos. Do caminho e da queda. Jesus foi até lá para clarificar a sua identidade, para Se confrontar com os diferentes projetos de vida. E saiu de lá fortalecido. vencedor sobre todas as tentações fáceis que Lhe propunham ser menos. Quaresma é o tempo de ir para o deserto. Não vamos sozinhos. Lá está Jesus, do nosso lado. A fortalecer a nossa decisão. Por isso existe a Quaresma:
     Que farás de novo na tua Quaresma de 2019?...

Quaresma - As nossas mãos

As Nossas Mãos
 
Mãos que falam...

Unidas às palavras, e outras vezes sem elas, os gestos da mão podem exprimir uma ideia, um sentimento, uma intenção. As mãos estendem-se para pedir, estendem-se para receber...as mãos ameaçam, mas também oferecem um presente... estendem-se abertas ao amigo ou apertam, em silêncio, a mão da pessoa amada... saúdam e dizem adeus...

Mãos que rezam...
Os braços e as mãos podem exprimir muito bem a nossa atitude interior e converter-se em símbolo da nossa oração. Os braços abertos levantados foram sempre gestos típicos do homem em oração: «com meus lábios te Louvarei e toda a minha vida te bendirei; a ti levantarei as mãos em oração», assim rezamos no Salmo 63. Uns braços levantados, umas mãos que se estendem para o alto são como um discurso, ainda que diga poucas palavras. Podem ser um grito de angústia ou de súplica, ou uma expressão de louvor e gratidão. A sintonia entre a atitude de espírito e os gestos das mãos pode exprimir, em plenitude, os sentimentos de um cristão em oração: «quero, pois, que os homens ao fazerem oração em qualquer lugar, o façam erguendo as mãos puras, sem ódio nem intrigas», escrevia S- Paulo, na sua primeira carta a Timóteo.

Mãos que recebem o Corpo de Jesus ...
Uma mão aberta que pede, que espera, que recebe. Enquanto o nosso olhar se fixa no Pão que o sacerdote oferece e os nossos lábios dizem: «Amén». Não é uma atitude expressiva para receber o Corpo de Jesus? Durante vários séculos a comunidade cristã manteve o costume de comungar na mão. Pouco a pouco, e por diversas razões, foi-se alterando este costume. Hoje parece voltar a preferir-se a comunhão na mão. E as nossas mãos estendidas têm uma grande força expressiva. Representam uma atitude de humildade, de espera, de pobreza, de disponibilidade, de acolhimento, de confiança. Diante de Deus, a nossa atitude é a de quem pede e recebe confiadamente. E a comunhão do Corpo de Cristo é o melhor Dom que recebemos através do serviço da Igreja. Essas mãoos estendidas falam claramente da nossa fé e da nossa atitude interior de comunhão. As duas mãos abertas e activas: a esquerda, recebendo, e a direita apoiando primeiro a esquerda e depois tomando pessoalmente o Corpo de Jesus; duas mãos que podem ser sinal eloquente de um respeito, de um acolhimento, de um «altar pessoal» que formamos, agradecidos a Jesus que se nos oferece como o Pão de uma Vida em abundância.
E que significam as nossas mãos... nesta Quaresma?
A nossa Eucaristia também passa pelas mãos. Umas mãos que dão, que oferecem, que recebem, que mostram, que pedem, que se elevam até Deus, que se estendem para o irmão, que traçam o sinal da cruz... Esta Quaresma... as nossas mãos... duas mãos abertas: gesto de acolhimento do dom de Deus. Na Quarta.feira de Cinzas, as nossas mãos exprimiam um pedido: «Dai-nos, Senhor...». A partir desse momento tomamos consciência de tudo o que Deus nos dá e já não «pedimos», mas «acolhemos» o dom de Deus: «Vós dais-nos...». São mãos abertas que pedem, reconhecem a sua própria pobreza, que esperam, que mostram a sua receptividade diante do dom de Deus: «Vós dais-nos...».

Uma Santa Quaresma!

Arménio Rodrigues
https://www.facebook.com/fazteaolargo/

quarta-feira, março 06, 2019

Quarta-feira de Cinzas





A Quarta-feira de cinzas marca o primeiro dia da Quaresma. A imposição das Cinzas constitui também um costume praticado na Igreja desde as suas origens. Na tradição judia, o símbolo de rapar a cabeça e colocar as Cinzas manifestava o próprio arrependimento e a vontade de converter-se: as Cinzas são sinal da fragilidade do homem e da sua da vida. No início do cristianismo impunha-se as Cinzas especialmente aos pecadores públicos. A partir do século VIII impõe-se as Cinzas a todos os fiéis cristãos por ocasião da Quarta-feira de Cinzas.


Desde então as Cinzas obtêm-se ao queimar as palmas (em geral de oliveira) que foram abençoadas no último Domingo de Ramos. As Cinzas são impostas pelo Sacerdote ou ministro da comunhão na fronte do fiel, fazendo a sinal da cruz com elas, e pronunciando o ministro da comunhão ao mesmo tempo a frase do evangelho de S. Marcos:


“Arrependei-vos e acreditai no evangelho”.

Jesus de Nazaré ensina-nos a fazer o bem.
Jesus realçou o facto do Jejum, da Caridade e da Oração se deverem praticar em segredo, pois “DEUS PAI, que vê tudo, recompensar-te-á”. Jesus criticou o comportamento dos fariseus, a quem chamou hipócritas e sepulcros caiados, pois, embora por fora aparentem ser muito bons, por dentro são corruptos. Realçou também o facto de muitos dos membros desta seita se dedicarem ao Jejum e à Oração com grande empenho, mas unicamente com o objectivo de serem vistos e admirados pelas outras pessoas. Jesus faz criticas constantes à sua falta de humildade e às dificuldades que criam às pessoas mais simples para se poderem aproximar de Deus.




O Significado do número 40




Como outros números, o número 40 é um número simbólico. O número 40 indicava, entre outros significados, um período de preparação por causa de um grande acontecimento.




O dilúvio durou 40 dias e 40 noites.



                                         

40 anos foi o tempo que passou o povo de Israel no deserto.






Moisés e Jesus fizeram 40 dias e 40 noites de Jejum para prepararem a sua missão.




O JEJUM, A CARIDADE, E A ORAÇÃO

A QUARESMA SIGNIFICA UM PERÍODO DE RENOVAÇÃO DA PRÓPRIA VIDA.

As práticas a cumprir são três: O JEJUM, A CARIDADE, E A ORAÇÃO

 - O JEJUM: Para seguir Jesus, o cristão deve ter a força de se esquecer de si mesmo, de não pensar nos próprios interesses, mas só no bem do irmão. Assumir uma atitude constante, generosa e desinteressada não é fácil. É este o sentido do Jejum.

 - A CARIDADE: A partilha, a solidariedade, a justiça e o amor para com os mais necessitados, são gestos de caridade que Jesus aprecia com muita satisfação.

 - A ORAÇÃO: Rezar para pedir a Deus força para se converter e para crer no Evangelho. A oração dá-nos força suficiente para vencermos as tentações.


Começar a Quaresma de mãos abertas



Jesus convida-nos a sermos simples e humildes, a fazermos o bem sem publicidades.

- Nesta Quaresma, propomos-te fazer uma série de boas acções: observar o rosto de Jesus nos outros, confortar alguém que esteja a sofrer, rezar, não insultar os teus colegas, ajudar nas tarefas de casa.

- Jesus indica-nos de que forma fazer estas coisas boas: com descrição.

- Não te esqueças que tudo o que faças de bem durante a Quaresma não o deves publicitar para promover a tua imagem.


   
AS NOSSAS MÃOS

 Mãos que falam...
  
Unidas às palavras, e outras vezes sem elas, os gestos da mão podem exprimir uma ideia, um sentimento, uma intenção. As mãos estendem-se para pedir, estendem-se para receber...as mãos ameaçam, mas também oferecem um presente... estendem-se abertas ao amigo ou apertam, em silêncio, a mão da pessoa amada... saúdam e dizem adeus...
  

Mãos que rezam...

 Os braços e as mãos podem exprimir muito bem a nossa atitude interior e converter-se em símbolo da nossa oração. Os braços abertos levantados foram sempre gestos típicos do homem em oração: «com meus lábios te Louvarei e toda a minha vida te bendirei; a ti levantarei as mãos em oração», assim rezamos no Salmo 63. Uns braços levantados, umas mãos que se estendem para o alto são como um discurso, ainda que diga poucas palavras. Podem ser um grito de angústia ou de súplica, ou uma expressão de louvor e gratidão. A sintonia entre a atitude de espírito e os gestos das mãos pode exprimir, em plenitude, os sentimentos de um cristão em oração: «quero, pois, que os homens ao fazerem oração em qualquer lugar, o façam erguendo as mãos puras, sem ódio nem intrigas», escrevia S- Paulo, na sua primeira carta a Timóteo.


Mãos que recebem o Corpo de Jesus ...

Uma mão aberta que pede, que espera, que recebe. Enquanto o nosso olhar se fixa no Pão que o sacerdote oferece e os nossos lábios dizem: «Amén». Não é uma atitude expressiva para receber o Corpo de Jesus? Durante vários séculos a comunidade cristã manteve o costume de comungar na mão. Pouco a pouco, e por diversas razões, foi-se alterando este costume. Hoje parece voltar a preferir-se a comunhão na mão. E as nossas mãos estendidas têm uma grande força expressiva. Representam uma atitude de humildade, de espera, de pobreza, de disponibilidade, de acolhimento, de confiança. Diante de Deus, a nossa atitude é a de quem pede e recebe confiadamente. E a comunhão do Corpo de Cristo é o melhor Dom que recebemos através do serviço da Igreja. Essas mãos estendidas falam claramente da nossa fé e da nossa atitude interior de comunhão. As duas mãos abertas e activas: a esquerda, recebendo, e a direita apoiando primeiro a esquerda e depois tomando pessoalmente o Corpo de Jesus; duas mãos que podem ser sinal eloquente de um respeito, de um acolhimento, de um «altar pessoal» que formamos, agradecidos a Jesus que se nos oferece como o Pão de uma Vida em abundância.


 E que significam as nossas mãos... nesta Quaresma?

 A nossa Eucaristia também passa pelas mãos. Umas mãos que dão, que oferecem, que recebem, que mostram, que pedem, que se elevam até Deus, que se estendem para o irmão, que traçam o sinal da cruz... Esta Quaresma... as nossas mãos... duas mãos abertas: gesto de acolhimento do dom de Deus. Na Quarta.feira de Cinzas, as nossas mãos exprimiam um pedido: «Dai-nos, Senhor...». A partir desse momento tomamos consciência de tudo o que Deus nos dá e já não «pedimos», mas «acolhemos» o dom de Deus: «Vós dais-nos...». São mãos abertas que pedem, reconhecem a sua própria pobreza, que esperam, que mostram a sua receptividade diante do dom de Deus: «Vós dais-nos...».


Uma Santa Quaresma!

quarta-feira, janeiro 30, 2019

Mestre, ensina-nos a rezar!



Os discípulos, depois de verem Jesus em oração, pedem-lhe que os ensine a rezar (Lc 11, 1), porque vêem n´Ele um modelo de oração e de vida. O catequista que não reza, mais tarde ou mais cedo, renuncia à sua missão. Deus não é somente alguém de quem se fala. É, antes de mais, alguém a quem se fala familiarmente. Só podemos dar o que temos. Para transmitir fielmente a mensagem de Deus devemos "encher-nos de Deus". Ser uma pessoa com uma profunda vida interior, que reconhece o valor da oração e ama ardentemente estar com Aquele que se ama. Desta forma, também os catequizandos reconhecerão no catequista um modelo de oração a seguir. Um modelo que desperta para esse encontro único com Deus. com Jesus, a quem se ama. Um modelo que encaminha e cria a vontade do diálogo de intimidade e encontro com Deus. A oração do catequista, mais do que saltar à vista, mais do que referências de fórmulas, sente-se num respirar de profundidade e encontro com Deus, que nenhuma palavra é capaz de fazer transparecer, porque também o catequista aprende a descobrir a Deus na vida de todos os dias, reconhecendo-O no seu caminho de cada dia. E, porque o descobriu, não é capaz da fazer calar o entusiasmo desse encontro, a alegria de "estar com Ele".

Rezar,rezando
A oração do catequista não tem grandes segredos: é a oração de todo o cristão. Acrescida de uma finalidade orientada: a oração pelos próprios catequizandos. Teoria feita prática. Rezar, rezando pelos "seus", a fim de que vivam e sejam felizes com Cristo no horizonte da própria existência. Para que todos acreditam no seu acreditar. Para que o seu acreditar se enriqueça do seu orar. Porque a "Tua Palavra, Senhor, é farol para os meus passos".




terça-feira, janeiro 22, 2019

Vamos trabalhar na Vinha


Vamos trabalhar na Vinha!
Nós temos uma missão e Cristo espera que cumpramos o Seu mandamento de seguir em frente, levar o Evangelho a toda a criatura; se já desististe de tudo, volta depressa! Cristo chama-te, não o desapontes.
Pelo teu testemunho pessoas já se converteram ao Senhor, outros já olharam com outros olhos para as coisas de Deus, essa também é uma maneira de ser pescador de homens. O nosso tempo de agir é agora, o ontem é passado e damos glória a Deus pelo que fizemos, o amanhã é incerto, então temos o hoje; vive realmente o teu tempo.
No inicio da nossa caminhada evangelizamos como ninguém, mesmo ser ter pleno conhecimento do que estávamos fazendo; era por inspiração , com amor, ardor e muita garra. Hoje Deus chama de volta os Seus filhos que estão estagnados, outros afastaram-se. Conhecemos muitos que pegavam em redes connosco e arrastávamos muitos peixes, eram pessoas de oração, de testemunho e hoje estão afastados. Jesus chama-os de volta e nós devemos fazer a nossa parte, estendendo-lhes a mão, encorajando-os a voltarem; muitos estão esperando apenas esse pequeno sinal para voltarem.
Por mil motivos, muitos deles voltaram para o lamaçal da vida, mas estão marcados! São do Senhor. São apóstolos. São pescadores de homens. É preciso buscá-los, repescá-los sem medo. A seara é grande, por isso será necessário reunir uma grande equipa. Teremos que reunir os operários antigos e os veteranos com os novatos e inexperientes, partir juntos, porque é necessário pescar almas em quantidade!
São novos tempos. O senhor convoca a todos. É preciso reunir os operários da primeira hora. O desafio é imenso. O próprio Senhor convoca os apóstolos de um novo tempo. Deus nos convida a sermos homens e mulheres conduzidos pelo Espírito Santo.

O meu compromisso...

Senhor Deus, dou-Te graças pela dádiva de vida que me chamas a ser. Ser dom para os outros, à semelhança do dom que és para nós!
Conduz-me neste caminho, para que saiba ser sinal da Tua presença junto das crianças e adolescentes.
Fortalece-me no compromisso de vida cristã, tranquilizando-me nos momentos de emoção e amparando-me nas desilusões.
Quero dar tempo e oportunidade a um aprofundamento da Oração, da Eucaristia e da Reconciliação, deixando-me encontrar por Ti e, assim, encontrando-me.
Uma coisa Te quero pedir... Faz-me Catequista!

Vídeo: CHAMAMENTO



Abraço!!
Arménio Rodrigues