Iniciamos um novo tempo litúrgico. Eis que chega o tempo da
esperança, da preparação, da vigilância. Para que o nosso coração se enriqueça
desta certeza: Deus vem. O Senhor vem ao nosso encontro. Para que a nossa vida
se inunde de um amor grande: Deus connosco, Emanuel. Para que o nosso ser seja
plenamente enriquecido da graça da presença de um Menino que para nós é tudo.
Vigiemos, portanto. Vivamos atentos. Preparemos todo o nosso interior para a
chegada de Deus!
EVANGELHO – Mc 13,33-37
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
"Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será
como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes
aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que
vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se
à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o
caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós,
digo-o a todos: Vigiai!"
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
"Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. (Mc
13,33)
Encontramo-nos no início desse maravilhoso tempo que é o
Advento. O texto que hoje nos é proposto como Evangelho deve marcar a nossa
caminhada e predisposição total a reencontrar-nos com o Amor de Jesus. No
contexto do Evangelho, este capítulo constitui um discurso escatológico, sobre
o tempo novo que virá após a destruição do Templo e de Jerusalém. A narrativa
situa-nos em Jerusalém, pouco antes da Paixão e Morte de Jesus, e insere-se no
plano dos ensinamentos de Jesus. No final desse dia, Jesus, sentado no monte
das Oliveiras, diante do Templo, oferece um ensinamento a um pequeno grupo dos
seus discípulos. Os seus interlocutores são Pedro, Tiago, João e André (cf. Mc
13,3) que colocam a Jesus uma questão em privado: diz-nos quando será o fim dos
tempos e qual o sinal de que tudo está para acabar. Porém, a resposta de Jesus
é dirigida a todos. Quanto ao dia ou à hora, ninguém sabe, a não ser o Pai.
Jesus ensina os seus discípulos como um mestre e pronuncia o
seu discurso no monte, à semelhança de Moisés. Os discípulos com quem Jesus
dialoga colocam-lhe uma questão cheia de sentido para a vida das primeiras
comunidades cristãs: o momento do fim dos tempos. É interessante considerar a
resposta de Jesus: nem Ele sabe quando, apenas o Pai. Tudo está nas mãos do
Pai. A atitude de confiança de Jesus é o primeiro ensinamento que passa aos
discípulos e a todos. É esta atitude de confiança que marca a nossa
disponibilidade em esperar com alegria o Senhor que vem.
O Advento marca uma rota de novidade e lança-nos o apelo a
esperar Jesus Salvador que vem ao nosso encontro. A que me proponho no início
deste advento, que possa marcar o ritmo da espera alegre e atenta aos sinais de
Deus? De que é feita essa confiança em Deus que continuamente vem ao nosso
encontro?
“Acautelai-vos e vigiai”
Vigiar! Esta é a palavra curta mas incisiva deste domingo de
Advento. Vigiar, estar atentos, esperar o dono da casa que em breve regressará,
é a atitude que Jesus pede a todos os seus discípulos. Jesus repete esta
palavra mais três vezes, pelo que deve ser algo de importante a comunicar aos
seus discípulos. A vigilância ajuda-nos a estar preparados a não cair em
tentação, a não adormecer. Vigiar é a luz da espera da esperança, condição
fundamental a não adormecer.
O que acontece a uma pessoa quando por preguiça, por
desmazelo, por egoísmo, deixa que uma relação se deteriore? Com o passar do
tempo instala-se a tristeza, a desolação, o arrependimento, e a clara noção de
ser difícil recuperar uma experiência semelhante. A nossa relação com Deus pode
também correr estes riscos, pela falta de fidelidade, pela ausência de oração,
pelo pouco cuidado em olhar para os outros a partir do olhar bondoso de Deus. O
que pode acontecer-nos quando por essas razões perdemos o contacto e a amizade
com o Senhor?
Proponho-me ao longo deste dia recordar-me no íntimo deste
convite de Jesus
– acautelai-vos e vigiai -
não com uma atitude de medo, mas
com aquela abertura de olhar a Jesus que vem ao meu encontro. Estarei
atento para o reconhecer? Reconhecerei os momentos em que “adormeço” diante da
vida? Poderei evitar as situações que me afastam do seu amor?
Quais são os sinais concretos de que Jesus é o dono da nossa
casa? Que situações ou sinais penso que o Senhor me pede para superar e
deixá-lo aproximar-se de mim? Neste tempo em que o Senhor está de viagem,
decido-me hoje em aprofundar algum dos sinais que alimentam a minha ligação com
Ele: a sua Palavra, a sua Presença no Santíssimo Sacramento, a Eucaristia, o
amor em acto, o perdão.
Para aquele que segue Jesus, não há lugar a baixar ou cruzar
os braços na espera passiva de que as maravilhas aconteçam. Mesmo em situações
de adversidade esta missão exorta-nos a uma postura activa, a uma missão. É uma
espera, sim, mas no tempo e na história concretos. É aí que somos, de facto,
sinais de Deus, outros Cristos. É aí, em cada momento presente que seremos
chamados de cristãos pelos dons que pomos a render.
Como é que eu vivo o dia a dia comprometido nesta construção
do Reino? Sem pretensões de possuir direitos ou a totalidade da verdade,
comprometo-me hoje a ser semente de verdade, de humildade, de amor autêntico,
de paz, de perdão, no ritmo do meu dia, de modo especial diante das situações e
propostas que sei não estarem em consonância com a verdade da Vida e do
Evangelho.
Com quanta rapidez nos podemos ir afastando da fé, sem nos
darmos conta do difícil que é depois recuperá-la. Quando se “adormece” na
relação de amor e de fé para com Deus, não é muito difícil ver que se rompe uma
aliança de amor. E, no entanto, é o próprio Senhor que continua a apostar em
vir ao nosso encontro. Ninguém pode imaginar o que o nosso Deus pode realizar
por quem Nele espera. Jesus insiste: estai despertos, vigiai, pois este é o
tempo da Graça, o tempo de retomar laços, de recuperar a fé perdida, de
agradecer a sua fidelidade.
O Advento oferece-nos dias de graça especial. Esta certeza
deve animar a esperança aos discípulos, sobretudo em momentos de alguma
confusão ou dispersão. Esperamos porque sabemos em quem colocamos a nossa
confiança, porque estamos a preparar os caminhos de uma vinda que já há muito
começou. Esperamos porque sabemos Quem vem ao nosso encontro. Desejar este
encontro com o Senhor converte-se em urgência de vida, lança-nos na luta pelo
que desejamos, e isso é Advento… Renovemos a consciência de nos inscrevermos na
multidão daqueles que escutaram uma palavra que lhes falava do futuro… e
acreditaram. Abraão, Moisés, Zacarias, Maria, José, Pedro e tantos outros. Deus
vem ao nosso encontro, em amor e misericórdia, para recriar um Povo de coração
novo.
Acção
Vamos procurar ter contemplar as atitudes de Maria, a mulher
que acolheu livre e plenamente a Palavra de Deus. Através dela, Deus deu ao
mundo o Salvador. Meditemos na sua atenção à Palavra de Deus, na sua
disponibilidade em acolher o plano salvífico de Deus para a humanidade, na sua
humildade e confiança no Senhor, na sua atitude de serva. Façamo-nos acompanhar
por Ela neste advento ao longo do qual Deus também nos convida a dar “espaço” em
nós ao amor que encarna.
Oração
Os olhos do SENHOR velam pelos seus fiéis,
por aqueles que esperam na sua bondade,
para os libertar da morte
e os manter vivos no tempo da fome.
A nossa alma espera no SENHOR;
Ele é o nosso amparo e o nosso escudo.
Nele se alegra o nosso coração
e em seu nome santo confiamos.
Venha sobre nós, SENHOR, o teu amor,
pois depositamos em ti a nossa confiança. (Sl 33)
Um comentário:
ESTE Blog, está bem estruturado, muito apelativo, emotivo a Caminhada de Advento/ Natal. Ajuda a perceber bem o que é, e como podemos fazer para receber Senhor Jesus nos nossos corações, é algo muito tocante. Muitos Parabéns ao Sr. Arménio Rodrigues. Obrigada por fazer-me Feliz. Catequista Sílvia Silva da diocese de Braga
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