segunda-feira, dezembro 24, 2012

Natal - Deus Connosco



Neste dia de Natal chega também aos nossos ouvidos, à nossa vida, a boa notícia da Incarnação do Filho de Deus! Deus-connosco! Deus para nós! Salvação! Sentido! Vida! Aquele que esperamos, desejamos, Aquele de quem precisamos, veio e vem continuamente! Disfarçado, escondido, porque se confunde com a fragilidade, a simplicidade, a pobreza, a ternura! Abramos a nossa existência à Sua chegada! Acreditemos na Palavra! Exultemos de alegria!

A resposta de Maria retoma um salmo de acção de graças (cf. Sl 34,4), destinado a dar graças a Deus porque protege os humildes e os salva, apesar da prepotência dos opressores. É um salmo de esperança e de confiança, que exalta a ternura de Deus para com os pobres e os que sofrem. A presença de Jesus, através de Maria, mulher simples e frágil, é um sinal do amor de Deus, preocupado em trazer a salvação a todos. Com Jesus, chegou o tempo novo de paz e de felicidade anunciado pelos profetas.

O Natal fala-nos da imensidão do Amor de Deus manifestado na Incarnação do Filho. Em Maria encontrámos a mais sublime lição de fé e adesão. Como Ela, estamos implicados neste projeto. Todos somos chamados a dar espaço ao amor divino que tudo transforma e revigora, acolhendo Jesus na nossa vida concreta, numa atitude de confiança, abandono e alegria.

Natal, é verdadeiramente a festa da alegria. A alegria das prendas é claro, a alegria de dar e de receber. A grande alegria dos cristãos, é de contemplar o Menino do presépio, o Filho de Deus que veio ao nosso encontro, aquele que é ao mesmo tempo o Todo-Poderoso e, que se fez pobre, pequenino e tão próximo dos homens.
  
Que o Natal seja muito mais que uma soma de objetos trocados. Que o Natal seja o grande jogo dos afetos pela vida nos seus diferentes tons. Que o Natal seja uma liturgia, uma parábola, uma história mais que mágica. REAL. Com a estrela os magos, o canto dos anjos, o Menino reclinado, a humanidade em festa porque redimida. Seja em que tom for, este hino de Deus no meio dos homens nunca pode deixar de ser repetido. Mesmo que o Natal pareça mais um ciclo com menos imaginação. 


À luz do mistério do Natal questiono  a minha fé: que lugar dou a Jesus no meu dia a dia, na minha existência?... A partir deste Natal vou conceder-Lhe mais tempo, mais espaço e maior centralidade.

Vídeo - Natal 2012 




Hoje é NATAL!

Deus, fizeste-te homem.

Esperando a tua vinda,
nós aprendemos
a vigiar,
a preparar,
a testemunhar,
a acolher.
Hoje é NATAL!
Acendeste o Amor na terra.
Ensina-nos, SENHOR,
A guardar esta luz,
a amar como tu amas,
a escutar, aver, a partilhar.
E cada dia, será um dia de amor,
cada dia será ainda NATAL.







MENINO JESUS!


Tuas mãos tudo partilham

do Todo que nos trouxeste.
Teus olhos, felizes, brilham
pelo "Sim" que ao Pai disseste.

Simples, meigo, despojado
para vestir nossa veste,
Tu és o Deus humanado
que nosso Irmão te fizeste.

Jesus Menino em Belém,
em Nazaré Tu cresceste;
homem, em Jeruzalém
morte injusta padeceste.


SALVADOR,
 De todo o povo
sem distinção,
que nos deste
a esperança
de um Mundo Novo.


Bem-Vindo, porque vieste!

sábado, dezembro 22, 2012

Maria a "Bem - Aventurada"



Maria é uma das figuras importantes do Advento. Preparando o nascimento de seu Filho, percebe que o seu caminho se torna serviço e generosidade para com quem dela necessita nesse momento. Parte para ser a “bem-aventurada”, na saudação sem precedentes da sua prima Isabel. Bendita tu, entre todas as mulheres. Porque “donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor”?
Na sequência da experiência da anunciação e consciente do mistério do dom de Deus na sua vida, Maria não se fecha, não se acomoda, não se isola; olha em redor e dá-se conta da novidade que o poder de Deus operou também na sua prima Isabel. Vai apressadamente, sinal do impulso do Espírito que a move a pôr-se a caminho para comunicar a Sua Palavra. É uma viagem de caridade, na disponibilidade de partilhar e servir.
A mesma Palavra, a presença de Jesus de que Maria é portadora, habita-nos. Chega até nós sempre de uma forma surpreendente! Tantas ‘visitações’ e ‘saudações’ tocam a nossa vida para nos recordarmos que Jesus é Salvação, é Vida, é Amor! Tantas mediações cruzam a nossa vida! E nós, indiferentes, cépticos, apressados, distraídos...não O reconhecemos, não O acolhemos! Não nos deixamos estremecer! Como somos insensíveis a este Jesus que vem até nós e nos habita!

As palavras que Isabel, movida pelo Espírito de Deus, dirige a Maria são uma citação do Antigo Testamento do Cântico de Débora (cf. Jz 5, 24) para celebrar Jael, a mulher que, apesar da sua fragilidade, foi instrumento de Deus para libertar o povo. Maria é o novo instrumento de Deus para concretizar a salvação definitiva. Aceita e assume este projecto divino na mais profunda fé. ‘O fruto do seu ventre’ é Jesus, o Messias esperado, a Salvação prometida.

A proposta libertadora de Deus chega-nos através do Sim de uma jovem simples duma classe social patriarcal, onde a mulher não gozava de todos os direitos civis e religiosos. Deus ‘baralha’ os esquemas e critérios humanos. Deixemo-nos encher do Espírito de Deus para reconhecermos, como Isabel, a Sua proximidade, a Sua salvação, através dos meios, mediações e experiências simples e pobres. Deus quer servir-se de nós, apesar dos limites e fragilidades, para continuar a propor o Seu projecto. Espera o nosso sim!

Isabel reconhece no Filho de Maria o ‘seu Senhor’. Não percebe como é possível que a Mãe do Senhor tenha vindo visitá-la. Proclama a dignidade de Maria e sabe que não está ao seu nível. Confessa a Sua humidade! No entanto, recebe a sua visita e participa na alegria da vinda do Messias! Isabel é a primeira a fazer a sua confissão de fé na Incarnação do Filho de Deus ao chamar Maria de ‘Mãe do meu Senhor’.
Graças ao ‘sim’ da Mãe, o Filho de Deus veio até nós! Na noite da Sua vinda tomemos consciência da imensidão do amor deste Deus que Se faz um de nós no Menino frágil que nasce em Belém. A notícia do nascimento do Salvador chega, em primeira mão, aos mais humildes da sociedade: os pastores. O sinal da vinda de Deus poderia ter sido uma manifestação maravilhosa, extraordinária, mas é um Menino nascido numa mangedoira. Também nós somos destinatários deste anúncio. O Senhor, o Deus-connosco, veio ter comigo, vem à minha vida! Escancaremos-Lhe as portas do coração para que encontre o lugar que procura!

A visita de Maria a Isabel foi uma espécie de Natal antecipado. Isabel confessa a Incarnação do Verbo; João Baptista exulta de alegria com a sua chegada, sinal de que toda a humanidade vê cumprida, em Jesus, a promessa de Salvação.
Maria, é Bem-aventurada porque acreditou na Palavra de Deus, acolhendo-a plenamente e dando o seu consentimento na fé. É a crente por excelência. Abre-se totalmente ao projecto de Deus. Porque acreditou, Maria torna-se ‘caminho’ e condição da Incarnação de Jesus.

A dois dias do Natal sejamos apressados, como Maria! Coloquemo-nos a caminho, na força do Espírito que nos habita e guia a comunicar as palavras de vida e salvação que nos são ditas da parte do Senhor. Sejamos portadores da certeza do Amor incarnado em Jesus Cristo e da esperança que nos enche de alegria e confiança. Vamos apressadamente, porque a graça do Espírito não contempla hesitações!

sábado, dezembro 01, 2012

Advento




De acordo com o calendário litúrgico, o tempo do Advento que se destina à preparação imediata do Natal do Senhor assim como antecipa a segunda vinda de Jesus (“Virei sem demora, diz o Senhor, para dar a cada um a recompensa das suas obras” [Ap 22,12]), começa no dia 1 de Dezembro  com as I Vésperas do I domingo do Advento e termina no dia 24 de Dezembro, antes das I Vésperas do Natal do Senhor.

Já nos habituámos a considerar este tempo o que ele mesmo pretende ser: uma preparação intensiva para o nosso encontro com o Senhor que vem (Ap 1,4.8; 4,8). O Advento é um tempo de esperança, de expectativa jubilosa, um caminhar confiante ao encontro de Cristo. É necessário devolver ao Advento o seu sentido de alegre espera d’Aquele que vem visitar o seu povo e não confundir este tempo forte da Liturgia com a Quaresma, tempo penitencial por excelência. Embora todo o tempo deva ser para o crente tempo de penitência, no entanto, retiraríamos ao Advento a sua característica essencial de preparação para o encontro com Cristo a nível pessoal e comunitário, se lhe déssemos um carácter penitencial que, de facto, não tem.

Etimologicamente a palavra Advento significa chegada. A palavra tem origem no verbo latino advenire que significa chegar. Antes da era cristã já no Império Romano o termo era utilizado para anunciar a visita do Imperador às suas imensas colónias espalhadas pelo mundo de então. Nesse sentido, as populações preparavam-se para o Adventus divi Augusti, isto é, a visita ou a chegada do divino Augusto (Imperador de Roma).

Cedo, porém, a comunidade cristã nascente se apropriou dessa expressão e deu-lhe um cunho todo próprio, ligando-a ao aparecimento de Cristo na História pela Encarnação do Verbo no seio puríssimo da Virgem Santa Maria. Daqui, a primitiva Igreja começou a considerar o Advento como a preparação para o Natal do Senhor a fim de que cada cristão individualmente e as comunidades em colectivo se preparem espiritualmente para receberem Aquele que nasceu em Belém uma só vez e que deve nascer continuamente no coração de todos e de cada um dos fiéis. Desta forma, o Advento começou a ser vivido não só sob o ponto de vista histórico como recordação do Dies Natalis (dia do nascimento) de Jesus, mas também como a sua reactualização contínua na vida dos cristãos e da Igreja como o nascimento de Cristo no coração de cada um, além de nos recordar sempre que esse mesmo Jesus de novo há-de vir na Sua glória, na plenitude dos tempos (Gl 4,4), para julgar os vivos e os mortos (cf. Credo). Assim, o Natal mais do que uma mera celebração aniversarial de Jesus, tornou-se um acontecimento actual pois toca todos e cada um no momento actual da nossa existência e da futura e, nesse sentido, o Natal é algo sempre novo, atemporal.

O Advento vive-se de forma especial na Liturgia da Igreja. Os quatro domingos durante os quais a Liturgia canta: Marana tha (Vem, Senhor Jesus, cf. 1Cor 16,22), pretendem chamar a atenção dos cristãos para o facto de que é absolutamente necessário não perder de vista o peregrinar do homem à face da terra como uma preparação para a última vinda de Jesus no fim dos tempos, o encontro final, definitivo com Deus, Senhor da História e com seu Filho que no-Lo revelou. E, em segundo lugar, uma preparação para a celebração do Natal com tudo quanto ele significa. Por isso, ao longo de todo este tempo, a Igreja recorda-nos estas palavras: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas, e toda a criatura verá a salvação de Deus” (Lc 3,4-6).

Maranatha!! Vem Senhor Jesus!!!

BOM ADVENTO!!