De acordo com o
calendário litúrgico, o tempo do Advento que se destina à preparação imediata
do Natal do Senhor assim como antecipa a segunda vinda de Jesus (“Virei sem
demora, diz o Senhor, para dar a cada um a recompensa das suas obras” [Ap
22,12]), começa no dia 1 de Dezembro com
as I Vésperas do I domingo do Advento e termina no dia 24 de Dezembro, antes
das I Vésperas do Natal do Senhor.
Já nos habituámos a considerar este tempo o que ele mesmo
pretende ser: uma preparação intensiva para o nosso encontro com o Senhor que
vem (Ap 1,4.8; 4,8). O Advento é um tempo de esperança, de expectativa
jubilosa, um caminhar confiante ao encontro de Cristo. É necessário devolver ao
Advento o seu sentido de alegre espera d’Aquele que vem visitar o seu povo e não
confundir este tempo forte da Liturgia com a Quaresma, tempo penitencial por
excelência. Embora todo o tempo deva ser para o crente tempo de penitência, no
entanto, retiraríamos ao Advento a sua característica essencial de preparação
para o encontro com Cristo a nível pessoal e comunitário, se lhe déssemos um
carácter penitencial que, de facto, não tem.
Etimologicamente a palavra Advento significa chegada. A
palavra tem origem no verbo latino advenire que significa chegar. Antes da era
cristã já no Império Romano o termo era utilizado para anunciar a visita do
Imperador às suas imensas colónias espalhadas pelo mundo de então. Nesse
sentido, as populações preparavam-se para o Adventus divi Augusti, isto é, a
visita ou a chegada do divino Augusto (Imperador de Roma).
Cedo, porém, a comunidade cristã nascente se apropriou dessa
expressão e deu-lhe um cunho todo próprio, ligando-a ao aparecimento de Cristo
na História pela Encarnação do Verbo no seio puríssimo da Virgem Santa Maria.
Daqui, a primitiva Igreja começou a considerar o Advento como a preparação para
o Natal do Senhor a fim de que cada cristão individualmente e as comunidades em
colectivo se preparem espiritualmente para receberem Aquele que nasceu em Belém
uma só vez e que deve nascer continuamente no coração de todos e de cada um dos
fiéis. Desta forma, o Advento começou a ser vivido não só sob o ponto de vista
histórico como recordação do Dies Natalis (dia do nascimento) de Jesus, mas
também como a sua reactualização contínua na vida dos cristãos e da Igreja como
o nascimento de Cristo no coração de cada um, além de nos recordar sempre que
esse mesmo Jesus de novo há-de vir na Sua glória, na plenitude dos tempos (Gl
4,4), para julgar os vivos e os mortos (cf. Credo). Assim, o Natal mais do que uma
mera celebração aniversarial de Jesus, tornou-se um acontecimento actual pois
toca todos e cada um no momento actual da nossa existência e da futura e, nesse
sentido, o Natal é algo sempre novo, atemporal.
O Advento vive-se de forma especial na Liturgia da Igreja.
Os quatro domingos durante os quais a Liturgia canta: Marana tha (Vem, Senhor
Jesus, cf. 1Cor 16,22), pretendem chamar a atenção dos cristãos para o facto de
que é absolutamente necessário não perder de vista o peregrinar do homem à face
da terra como uma preparação para a última vinda de Jesus no fim dos tempos, o
encontro final, definitivo com Deus, Senhor da História e com seu Filho que
no-Lo revelou. E, em segundo lugar, uma preparação para a celebração do Natal
com tudo quanto ele significa. Por isso, ao longo de todo este tempo, a Igreja
recorda-nos estas palavras: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas
veredas, e toda a criatura verá a salvação de Deus” (Lc 3,4-6).
Maranatha!! Vem Senhor Jesus!!!
BOM ADVENTO!!
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