sábado, outubro 13, 2012

A FÉ


Acreditar... em quê... Para quê?...

Acreditar é viver: é uma atitude da pessoa humana e faz parte de cada minuto do nosso dia-a-dia. Viver é acreditar... em nós próprios, nos outros, naqueles que nos rodeiam, na vida! É deixar que a vida e os outros entrem em nós. É abrirmo-nos com confiança e amizade, sem medos, sem desconfianças. Conseguiríamos viver sem esta fé humana de todos os dias?

Para os crentes, a fé é acreditar, é aceitar, é abrirmo-nos à realidade de Deus que nos envolve, que vem até nós através de múltiplos sinais e manifestações. É a fé que nos torna capazes de "ver" Deus em nós, nos outros, na vida, no mundo.

Mas para nós,  cristãos, acreditar é aceitar a Pessoa de Jesus Cristo como Filho de Deus que nos dá o Espírito e que nos fala de Deus-Pai. O centro da fé cristã é Jesus Cristo, Ele que é o Filho de Deus, a única e definitiva imagem de Deus. É por Ele e n´Ele que entramos no Mistério de Deus e que Deus se torna próximo de nós.

A alegria da FÉ

É difícil explicar ou definir a atitude de fé. Muitos filósofos, historiadores das religiões, teólogos, têm feito as suas tentativas de explicação. Podemos dizer que acreditar é amar e perceber que somos amados por Alguém, por Deus. Acreditar em Deus é descobrir que ele nos ama e nos chama a viver no amor. A fé é uma resposta ao chamamento para o amor. A fé é um caminhar, uma aventura, um risco e um desafio. É amar e confiar.
Mas a atitude de fé não é uma simples adesão cega e ignorante sem explicação. A nossa inteligência e a nossa razão não podem ficar de fora desta dimensão da vida, como de nenhuma outra. Somos sempre um todo de inteligência/razão e coração/vontade, em todos os momentos e situações da vida. Podemos e devemos ter uma atitude inteligente e crítica perante a fé: razões que a fundamentem, que a purifiquem, que a tornem sólida, sincera, que a esclareçam. 
Assim, a fé, acolhida com o coração, esclarecida e aprofundada pela inteligência, é fonte de alegria e de esperança para o crente, para o cristão. Ela é um dom de Deus, é uma semente maravilhosa na vida e no coração de cada um de nós para que demos frutos de vida eterna. Ela é uma graça, não é uma conquista ou uma descoberta do homem, mas nem por isso diminui a sua dignidade nem a sua liberdade. Não é uma imposição, mas um convite de amor que exige a nossa adesão de coração e de inteligência, exige a colaboração humana e a decisão da nossa vontade e da nossa liberdade. Bem entendida, a fé é uma força extraordinária para a vida: permite-nos ver a vida com o olhar de Deus, segundo o Seu plano, o Seu Projeto de Amor para cada um de nós, para toda a humanidade, para o mundo. Ela é fonte de alegria, de certeza, mas também de dúvidas e novas interpelações.
O "Amén" com que terminamos a proclamação do Credo não é apenas um acrescento final. AMEN significa, em hebraico, a solidez e a certeza.
Quando dizemos AMEN estamos a proclamar que acreditamos que este Deus é a nossa rocha firme, a nossa segurança: "Quem escuta as Minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre rocha" (Mt 7, 24)

Vídeo: A FÉ






Abraço fraterno!!
Arménio Rodrigues

segunda-feira, outubro 08, 2012

Santo Agostinho e a catequese


Santo Agostinho foi um dos Padres da Igreja da idade de Ouro. Devido à sua grande influência na catequese merece uma referência especial. Além de ter deixado uma teoria e uma prática catequética, a sua doutrina influenciou muito os conteúdos da fé como, por exemplo o que se refere ao pecado original.

Santo Agostinho nasceu em Tagaste (Numídia) no ano 354, e recebeu de sua mãe Mónica a educação da fé. Era ainda o tempo em que o Norte de África era cristão. Porém, Agostinho aos 16 anos deixou o cristianismo com grande desgosto de sua mãe. Deixou a sua pátria e partiu para Roma e depois para Milão, como professor. A sua mãe seguiu-o de perto, enquanto rezava pela conversão do seu filho. Sedento de Deus, inquieto e sem paz interior, foi escutar os sermões do bispo Ambrósio de Milão. A partir daí, abandonou o maniqueísmo, uma heresia cristã, e fez-se catecúmeno, sendo depois baptizado na Vigilia Pascal pelo santo bispo. Regressando à sua terra, no norte de África, foi escolhido pela comunidade para sacerdote e, mais tarde, para bispo. Foi em contacto com o seu povo que se deu conta de como era importante investir na catequese. Viu a dificuldade que os catequistas do seu tempo tinham na explicação da fé e, por isso, escreveu o "De catechizandis rudibus", um manual de metodologia catequética. O bispo Agostinho, utilizando uma linguagem simples e profunda, dedicava muito tempo à pregação popular e à instrução do clero. Morreu em Hipona durante o assédio dos vândalos.

A teoria catequética
Desta sua teoria sublinho, em primeiro lugar, a importância que ele dá à narração. Apresentou a história da salvação, a partir do Génesis, pondo em destaque os momentos mais fortes na história do povo de Deus.
Jesus Cristo aparece como o grande acontecimento da humanidade, para o qual converge o Antigo Testamento e do qual parte o Novo Testamento.
Agostinho tinha um desejo: que quem escuta a Palavra de Deus acredite; e quem acredita tenha esperança; e quem tem esperança pratique a caridade, o amor. Temos aqui as três virtudes teologais como as atitudes básicas do seguidor de Jesus Cristo: ser forte na fé, firme na esperança e activo na caridade.
A catequese devia estar relacionada com a vida, de forma que os crentes, vivendo na cidade terrena, se sentissem cidadãos da cidade futura, o Paraíso. E isto porque no baptismo morremos com Cristo para ressuscitar com Ele na vida eterna. Na sua teoria catequética, Agostinho deu importância ao testemunho da alegria que o catequista deve dar aos catequizandos, sendo a encarnação viva da Boa Nova que anuncia e explica.

A prática catequética
Santo Agostinho entendia a catequese para vários grupos de pessoas. Note-se que estamos no século IV e ainda não se tinha divulgado o batismo das crianças. Era ainda o tempo do catecumenado, que irá decaindo com a paz de Constantino.
A catequese era, primeiramente, para os catecúmenos. Agostinho expõe a verdade acerca de Deus Pai, do Verbo Incarnado que morreu e ressuscitou, e do Espírito Santo. Fala também da Igreja, Santa como Maria e pecadora nos seus filhos. Fala do pecado, na salvação e na ressurreição dos mortos. Entregava-se no final o Símbolo dos Apóstolos.
A catequese era também para os "eleitos", os que se estavam já a preparar para o Batismo. Esta incidia nos deveres morais do cristão: "Nós semeamos a semente da palavra e vós dais o fruto da fé", vivendo um vida nova. A catequese era também para os neófitos, isto é, os que mergulhavam nas águas baptismais e renasceram como homens novos em Cristo Pascal. Tratava-se de uma catequese mistagógica, isto é, de iniciação aos mistérios que receberam na noite pascal. Era, sobretudo, uma catequese acerca da Eucaristia como mistério de fé. Finalmente, a catequese tinha como distinatários todos os fiéis. Nunca era demais aprofundar as razões da nossa fé e da nossa esperança.

O catequista desanimado
Santo Agostinho, ao escrever o "De catechhizandisbrudibus" fê-lo como sendo a resposta a um diácono de Cartago, catequista desanimado, encarregado de ensinar a doutrina a principiantes pagãos que, embora rudes, estavam desejosos de conhecer o essencial do cristianismo. Esta sua obra permaneceu até aos dias de hoje.
Para terminar, fique uma das suas intuições: é preciso que o catequista contagie os catequizandos com a sua alegria; e que estes, por sua vez, com a sua adesão à fé, animem os seus catequistas. Ambos são ouvintes da Boa Nova.


Video - Lugar de intimidade

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Abraço fraterno!
Arménio Rodrigues