quarta-feira, fevereiro 01, 2017

Domingo de Ramos



 
 Domingo de Ramos
«PAIXÃO DE CRISTO»

O evangelho de hoje narra-nos a paixão de Jesus, as suas últimas horas de vida. Marcos apresenta Jesus como o Filho de Deus (1,1; 15,39), que para cumprir a missão que o Pai lhe confiou tem de passar pela morte. Mas tudo sucede para que se cumpram as Escrituras (14,27.62; 15,34). Jesus aceita cumprir o projecto do Pai, mesmo quando esse projecto passa por um destino de cruz. Esta cruz, escândalo para a fidelidade dos discípulos, é o momento supremo da revelação da divindade de Jesus (15,39). Quem acreditar no crucificado, acreditará no Filho de Deus. Foi assim que o centurião, não tendo convivido com Jesus, se tornou num autêntico crente, testemunha da sua morte e anunciador da sua divindade. É isto que Marcos esperava da sua comunidade e da nossa, seus leitores.

Na sua missão, Jesus entrou em choque com a atmosfera de egoísmo e opressão que dominava o povo. As autoridades não estavam dispostas a renunciar aos mecanismos que lhes asseguravam poder, influência, e privilégios; não estavam dispostas a desinstalar-se e a aceitar Jesus como o Filho de Deus (Mc 1,1; 15,39). Tantas vezes de costas voltadas, os príncipes dos sacerdotes, os anciãos e os escribas estão, finalmente, de acordo: não querem perder a oportunidade para acabar com Jesus. Os inimigos juntam-se na mesma condenação. A partir daqui, Jesus torna-se um “objecto”, com as mãos atadas, mas que vai passando de mão em mão: os que O prenderam levam-n’O ao sinédrio, estes entregam Jesus a Pilatos, este aos soldados e, por fim, os soldados levam-n’O à cruz! O seu corpo, entregue por nós, passa de uns para outros, de maneira que todas as mãos dos pecadores recebam o dom.

Preocupa-me, Senhor, que no nosso mundo não haja lugar para Ti, para o Teu projecto de amor, para os Teus gestos que provocam inveja, para as Tuas palavras que desinstalam e incomodam, porque são verdadeiras. Mas o que mais me preocupa é que tantas vezes, também no meu coração, não há lugar para Ti! Estás consciente das consequências e do sofrimento e da Tua entrega. O Teu caminho de cruz já começou. E esse caminho é comprido. O caminho é sempre interminável quando o sofrimento é muito. Mas nesta humilhação, nesta fraqueza, manifesta-se a fortaleza do Teu amor, sem limites, até às últimas consequências. Como é bom ter um Deus assim, capaz de se entregar por amor, mesmo sem eu merecer! Obrigado, Senhor!

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