Se não estamos atentos,
os mais belos e preciosos objetos podem estragar-se ou encher-se de pó. E o
mesmo acontece com as pessoas, com os seus projetos, com as suas relações. E
com a fé também. O sorriso, a confiança em Deus, o empenho pelo perdão, a oração,
o serviço, podem estragar-se. Então, o coração já não é capaz de amar, vemos os
outros e a realidade de maneira distorcida, deixamos de lado a oração,
encostamos o projeto de vida a um canto, cresce o egoísmo e o medo dos outros.
Para contrariar essa tendência
a comunidade cristã celebra a Quaresma. 40 dias para nos renovarmos, para
limpar o pó que se acumula. É um tempo para reencontrarmos a verdade do nosso
batismo, a verdade de nós mesmos. É um tempo para renascer, para dar novo vigor
aos nossos projetos. Para escutar Jesus Cristo e a Sua Palavra. Para receber os
sinais do seu amor na Eucaristia e no sacramento do perdão. Para modificarmos
as tradições que nos impedem a fidelidade criativa ao Evangelho. Para nos
deixarmos converter ao Deus centro do nosso existir. Sem cedermos à tentação,
ao abandono, ao já gasto. Para vivermos numa óptica que exige ajustes
constantes do ser ao Ser. Da vida à vida nova. Ao equilíbrio. À perseverança. À
fé. Sem nos deixarmos tentar pela tentação de tentarmos a Deus. Jesus
ensina-nos o como. Nós só temos que colocar o sentido e sermos coerentes com a
resposta. No espírito da entrega, da renovação, da vida em Deus. Colocando o
Senhor no centro.
Todos sabemos a
importância que o deserto e o número “quarenta” têm no contexto do mundo de
Israel. No deserto o povo foi também ele tentado ao abandono, a voltar atrás na
sua opção fundamental de caminhar para o encontro com Deus. Quarenta anos de
necessidades vencidas até chegar à terra da promessa. No mesmo deserto, durante
quarenta dias, Jesus sofre a tentação. Para fazer ver o sentido da sua missão e
a consciência da sua fidelidade ao mais importante. Um exemplo para nós.
Para isso existe a
Quaresma: para que possamos olhar a vida e olhar-nos na nossa vida; para que
saibamos prestar atenção aos caminhos onde Jesus triunfa e optar pelos projetos
onde Cristo é vitória, para caminharmos os caminhos de Deus. Este é o tempo de
apagarmos os ruídos que ensurdecem, para escutarmos a voz de Deus. Para nos
deixarmos seduzir por Deus nos desertos do nosso ser e voltar às fontes
originais da vida que significam fidelidade e entrega permanente.
Este é o tempo de irmos
para o deserto...
O deserto é o lugar da
liberdade e da tentação. Da fidelidade a Deus e da dúvida. Do amor e dos
egoísmos. Do caminho e da queda. Jesus foi até lá para clarificar a sua
identidade, para Se confrontar com os diferentes projetos de vida. E saiu de lá
fortalecido. vencedor sobre todas as tentações fáceis que Lhe propunham ser
menos. Quaresma é o tempo de ir para o deserto. Não vamos sozinhos. Lá está
Jesus, do nosso lado. A fortalecer a nossa decisão. Por isso existe a Quaresma:
Que farás de novo na
tua Quaresma de 2019?...
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