domingo, abril 14, 2019

Semana Santa



Estamos  na Semana Santa! O nosso itinerário quaresmal tem agora um momento de celebração e contemplação profundo, intenso, único. A memória de Jesus, na sua entrega, na sua paixão, no seu amor ressuscitado torna-nos capazes da mudança, da profecia, do anúncio, da vida nova, simplesmente... da fé. Passemos, também nós, corajosamente, da morte à vida, do pecado à graça, da vida à vida nova em Jesus Ressuscitado.

Jesus sentou-Se à mesa com os seus Apóstolos e disse-lhes: «Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de padecer; (...) tomou o pão e, dando graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: «Isto é o meu corpo  entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim». No fim da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo: «Este cálice é a nova aliança no meu Sangue, derramado por vós».
Depois da oração de acção de graças (em grego eucaristia), Jesus realiza um conjunto de gestos simbólicos substituindo os elementos da antiga páscoa (judaica) pelo seu próprio "corpo" e o seu "sangue". A narração da instituição da Eucaristia tem um claro carácter sacrificial: Jesus não oferece coisas, mas oferece-se a si mesmo.

O desejo intenso de Jesus indica a particularidade desta (última) ceia. Ele está plenamente consciente de que se aproxima o momento culminante da sua existência. Com os seus gestos e as suas palavras Jesus transformou aquelas circunstâncias trágicas e injustas no dom de si e na fundação da nova aliança. Dom e Aliança que se renova cada vez em que se celebra a Eucaristia. Talvez seja um bom momento para reflectir: com que "desejo" vivo a Eucaristia? Que sentido tem Jesus eucaristia na minha vida? Que significado teve esta entrega de Jesus “fazei isto em memória de mim”?

Então saiu e foi, como de costume, para o Monte das Oliveiras e os discípulos acompanharam-n’O. Quando chegou ao local, disse-lhes: «Orai, para não entrardes em tentação». Depois afastou-Se deles cerca de um tiro de pedra e, pondo-Se de joelhos, começou a orar, dizendo: «Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice. Todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua». Então apareceu-Lhe um Anjo, vindo do Céu, para O confortar. Entrando em angústia, orava mais instantemente e o suor tornou-se-Lhe como grossas gotas de sangue, que caíam na terra.

"Não se faça a minha vontade, mas a tua". Jesus transforma a sua vontade humana e identifica-a com a de Deus. É este o grande acontecimento do Monte das Oliveiras, o percurso que deveria realizar-se fundamentalmente em cada uma das nossas orações:  transformar, deixar que a graça transforme a nossa vontade egoísta e a abra para se conformar com a vontade divina. Nos momentos difíceis, sabemos pedir ajuda a Deus, com humildade e fé, para encontrar no seu amor de Pai a força para enfrentar os nossos maiores medos?

Levantaram-se todos e levaram Jesus a Pilatos. Começaram a acusá-l’O, dizendo: «Encontrámos este homem a sublevar o nosso povo, a impedir que se pagasse o tributo a César e dizendo ser o Messias-Rei». Pilatos perguntou-Lhe: «Tu és o Rei dos judeus?» Jesus respondeu-lhe: «Tu o dizes».
Pilatos disse aos príncipes dos sacerdotes e à multidão: «Não encontro nada de culpável neste homem».

Pilatos compreendeu desde o início que o tipo de acusação apresentada foi preparada com arte para não lhe deixar outra alternativa: reconhece a inocência de Jesus, mas por motivos de conveniência não quer colocar-se em oposição aos acusadores. Tendo entrado no tribunal como "condenado" Jesus sai agora como "inocente" e encaminha-se para a morte como o "justo (injustamente) perseguido".  

Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-n’O a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem». (...) E Jesus exclamou com voz forte: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito». Dito isto, expirou.
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Estas, são as últimas palavras de Jesus: palavras de perdão, de amor, de aliança; palavras com as quais resplandece mais uma vez o seu espírito filial. "Pai": as últimas palavras de Jesus recordam a sua primeira frase, pronunciada no templo de Jerusalém aos doze anos: "Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?". (Lc 2, 49).
Jesus é todo aqui, na sua relação com o Pai. Entregando-se ao Pai, anuncia a sua misericórdia e reconduz a casa cada "filho pródigo", que encontra no "bom ladrão" a realização plena. O seu é um arrependimento que não nasce de motivos humanos, de simpatia por Jesus; o "bom ladrão" converte-se porque, com os olhos da fé, descobre quem é verdadeiramente aquele Jesus que está crucificado ao seu lado.

Tanto desprezo à Tua volta, Senhor. E onde estou eu para Te defender? Que espero ter para Te defender? Uma “arma atómica”… ou a força da Tua mansidão? Tantos insultos, tantos olhares sem misericórdia… para Ti que usaste de tanta bondade e que revelaste o coração misericordioso de Deus. E estás crucificado, Jesus! As Tuas mãos não se podem mover. As Tuas mãos que se estendiam para os humilhados e para os doentes e para todos os sem esperança. Aqui tens as minhas mãos, aqui tens os meus braços para continuares a abençoar e a acolher, não têm a Tua bondade, mas são todas para Ti.
Quiseste, Jesus, anunciar a bondade de Deus. Quiseste distribuir a ternura de Deus, quiseste oferecer o perdão de Deus a todos, dignos ou indignos. Cumpriste a Tua missão. Agora gritas e morres na cruz. Que o Teu grito de entrega, Senhor, solte a minha voz para Te anunciar como verdadeiro Filho de Deus; que a Tua morte, Jesus, revigore as minhas forças, para que vivas em mim e eu viva para tantos que confiaste a meu cuidado.


VÍDEO: SEMANA SANTA

Um comentário:

Manuela Neves disse...

CAMINHANDO com JESUS o nosso Divino Mestre.
Grata pela partilha.