Apesar de vivermos num mundo descristianizado, em que todos os lugares são iguais na perspectiva do telemóvel, há lugares com uma capacidade grande de invocar o sagrado. São lugares onde os adolescentes conseguem sentir que a vida é mais do que o imediato. Lugares capazes de os transportar para o mistério de Deus.
Em Portugal, Fátima é, claramente, um desses sítios. Pelo clima de recolhimento, pela fé partilhada, pela atenção ao essencial da fé cristã.
Mas há outros: uma capela com silêncio e beleza, uma paisagem ainda não estragada pelo betão...
O catequista tem um papel importante ajudando os adolescentes a fazer um caminho de fé a partir da beleza do sentido do sagrado. Para isso promove a visita (não turística mas de fé) a esses lugares. Ajuda o grupo e cada um individualmente a valorizar esses lugares.
Nos últimos 20 anos têm crescido as propostas de grandes convocações de adolescentes e jovens. Ao lado das tradicionais peregrinações aos santuários marianos (muito ligados à piedade popular), têm surgido jornadas mundias e diocesanas da juventude, peregrinações, idas a Taizé... São experiências apreciadas pelos mais novos e que os ajudam a crescer na fé. Quando têm qualidade. O que nem sempre acontece. Quando se limitam a ser consumo turístico, pretexto para encontro de amigos... podem ser mais ou menos desejadas. Ma não ajudam a fé a crescer.
Em Portugal toda a gente "sabe" algo sobre Deus. E a partir do que sabem acreditam, não acreditam ou "tanto faz".
O encontro com o rosto de Deus proposto por Jesus de Nazaré é das experiências que mais faz crescer a fé. Os adolescentes sentem prazer, na descoberta do Deus que os ama, que os faz crescer. Que os liberta.
Isso acontece quando os catequistas e catequeses são capazes de ser fieis ao Evangelho e à maneira de sentir e pensar dos adolescentes. Quando superam todas as caricaturas do Deus cristão que por aí circulam, mesmo na mentalidade de tantos cristãos.
A capacidade de confiar nos outros é, humanamente, a capacidade mais parecida com a fé. A fé não é apenas "saber" quem é Deus; é acima de tudo, confiar n´Ele, colocar n´Ele a nossa vida.
Isso torna-se difícil quando os adolescentes se sentem inseguros diante dos outros, desconfiados, incapazes de estabelecer relações abertas.
As experiências que melhoram os níveis de confiança dentro do grupo de catequese ajudam, direta e indiretamente, os catequizandos a confiar em Deus.
A experiência de ter sido totalmente acolhido, amado por outros é muito importante para o crescimento na fé. O facto de alguém nos ter amado radicalmente, para lá das nossas qualidades e defeitos, abre a vida à possibilidade de acolher um Deus que se quer relacionar connosco do mesmo modo: acolhendo-nos incondicionalmente.
Muitas vezes, essa experiência foi feita em família, nos primeiros anos de vida. Mas mesmo quando isso não aconteceu, o catequista é chamado a fornecer ao adolescente esse acolhimento incondicional.
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