sábado, abril 08, 2017

Semana Santa



E já chegámos à Semana Santa! O nosso itinerário quaresmal tem agora um momento de celebração e contemplação profundo, intenso, único. A memória de Jesus, na sua entrega, na sua paixão, no seu amor ressuscitado torna-nos capazes da mudança, da profecia, do anúncio, da vida nova, simplesmente... da fé. Passemos, também nós, corajosamente, da morte à vida, do pecado à graça, da vida à vida nova em Jesus Ressuscitado.

"Não se faça a minha vontade, mas a tua". Jesus transforma a sua vontade humana e identifica-a com a de Deus. É este o grande acontecimento do Monte das Oliveiras, o percurso que deveria realizar-se fundamentalmente em cada uma das nossas orações:  transformar, deixar que a graça transforme a nossa vontade egoísta e a abra para se conformar com a vontade divina. Nos momentos difíceis, sabemos pedir ajuda a Deus, com humildade e fé, para encontrar no seu amor de Pai a força para enfrentar os nossos maiores medos?

Jesus respondendo afirmativamente à pergunta: "Tu és então o Filho de Deus?", mostra-se plenamente consciente da própria dignidade divina. Desta forma Jesus "assinou" a própria condenação à morte: é um blasfemo que profana o Nome e a realidade de Javé, porque se declara explicitamente "filho". O seu sofrimento, a sua morte e ressurreição são o testemunho mais eloquente acerca do Pai e do seu desígnio de salvação sobre a humanidade.

Pilatos compreendeu desde o início que o tipo de acusação apresentada foi preparada com arte para não lhe deixar outra alternativa: reconhece a inocência de Jesus, mas por motivos de conveniência não quer colocar-se em oposição aos acusadores. Tendo entrado no tribunal como "condenado" Jesus sai agora como "inocente" e encaminha-se para a morte como o "justo (injustamente) perseguido".

Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-n’O a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem». (...) E Jesus exclamou com voz forte: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito». Dito isto, expirou.

Estas, segundo S. Lucas, são as últimas palavras de Jesus: palavras de perdão, de amor, de aliança; palavras com as quais resplandece mais uma vez o seu espírito filial. "Pai": as últimas palavras de Jesus recordam a sua primeira frase, pronunciada no templo de Jerusalém aos doze anos: "Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?". (Lc 2, 49).

Jesus é todo aqui, na sua relação com o Pai. Entregando-se ao Pai, anuncia a sua misericórdia e reconduz a casa cada "filho pródigo", que encontra no "bom ladrão" a realização plena. O seu é um arrependimento que não nasce de motivos humanos, de simpatia por Jesus; o "bom ladrão" converte-se porque, com os olhos da fé, descobre quem é verdadeiramente aquele Jesus que está crucificado ao seu lado.

Oração
Reza e contempla o Mistério Pascal a partir deste belo hino cristológico transmitido por São Paulo: Cristo Jesus, que era de condição divina,
não Se valeu da sua igualdade com Deus,mas aniquilou-Se a Si próprio.
Assumindo a condição de servo,tornou-Se semelhante aos homens.
Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais,obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltoue Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. (Filip 2, 6-11)

Vídeo - Semana Santa 

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