E já chegámos à Semana Santa! O nosso itinerário quaresmal
tem agora um momento de celebração e contemplação profundo, intenso, único. A
memória de Jesus, na sua entrega, na sua paixão, no seu amor ressuscitado
torna-nos capazes da mudança, da profecia, do anúncio, da vida nova,
simplesmente... da fé. Passemos, também nós, corajosamente, da morte à vida, do
pecado à graça, da vida à vida nova em Jesus Ressuscitado.
"Não se faça a minha vontade, mas a tua". Jesus
transforma a sua vontade humana e identifica-a com a de Deus. É este o grande
acontecimento do Monte das Oliveiras, o percurso que deveria realizar-se
fundamentalmente em cada uma das nossas orações: transformar, deixar que a graça transforme a
nossa vontade egoísta e a abra para se conformar com a vontade divina. Nos
momentos difíceis, sabemos pedir ajuda a Deus, com humildade e fé, para
encontrar no seu amor de Pai a força para enfrentar os nossos maiores medos?
Jesus respondendo afirmativamente à pergunta: "Tu és
então o Filho de Deus?", mostra-se plenamente consciente da própria
dignidade divina. Desta forma Jesus "assinou" a própria condenação à
morte: é um blasfemo que profana o Nome e a realidade de Javé, porque se
declara explicitamente "filho". O seu sofrimento, a sua morte e
ressurreição são o testemunho mais eloquente acerca do Pai e do seu desígnio de
salvação sobre a humanidade.
Pilatos compreendeu desde o início que o tipo de acusação
apresentada foi preparada com arte para não lhe deixar outra alternativa:
reconhece a inocência de Jesus, mas por motivos de conveniência não quer
colocar-se em oposição aos acusadores. Tendo entrado no tribunal como
"condenado" Jesus sai agora como "inocente" e encaminha-se
para a morte como o "justo (injustamente) perseguido".
Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-n’O
a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: «Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem». (...) E Jesus exclamou com voz
forte: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito». Dito isto, expirou.
Estas, segundo S. Lucas, são as últimas palavras de Jesus:
palavras de perdão, de amor, de aliança; palavras com as quais resplandece mais
uma vez o seu espírito filial. "Pai": as últimas palavras de Jesus
recordam a sua primeira frase, pronunciada no templo de Jerusalém aos doze
anos: "Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?". (Lc 2, 49).
Jesus é todo aqui, na sua relação com o Pai. Entregando-se
ao Pai, anuncia a sua misericórdia e reconduz a casa cada "filho
pródigo", que encontra no "bom ladrão" a realização plena. O seu
é um arrependimento que não nasce de motivos humanos, de simpatia por Jesus; o
"bom ladrão" converte-se porque, com os olhos da fé, descobre quem é
verdadeiramente aquele Jesus que está crucificado ao seu lado.
Oração
Reza e contempla o
Mistério Pascal a partir deste belo hino cristológico transmitido por São
Paulo: Cristo Jesus, que era de condição divina,
não Se valeu da sua
igualdade com Deus,mas aniquilou-Se a Si próprio.
Assumindo a condição de
servo,tornou-Se semelhante aos homens.
Aparecendo como homem,
humilhou-Se ainda mais,obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O
exaltoue Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de
Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua
proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. (Filip 2, 6-11)
Vídeo - Semana Santa
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