domingo, março 21, 2010

V SEMANA DA QUARESMA


O tempo da Quaresma que estamos a viver é também para nós a oportunidade de purificarmos o nosso interior, numa “violência” positiva que arrede de nós tudo o que não nos deixa aproximar do templo de Jesus, na vida da sua Palavra, dos seus gestos de amor, da sua gratuidade, que transforma o nosso jejum em purificação, a partilha em ágape de amor, a nossa vida em autêntica sequela Christi (seguimento de Jesus). Num passo importante: deixarmos o que é aparente para chegarmos ao que é evidência do amor de Deus em nós. Lembrando-nos do que Jesus significa para nós.

Tenho ainda que vencer, Senhor, muitos obstáculos que me afastam de ti. Deixar para trás mil perguntas e mil incertezas na procura dos teus sinais, para me mergulhar na consistência do teu amor que se faz entrega na tua paixão e ressurreição. Para ser mais fiável. Para ter a tua confiança e o teu acreditar. Para ser tua pertença hoje e sempre, na Páscoa da eternidade que nos ofereces ser.


Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. (Jo 8, 1-11)
Acreditar. Viver. Sentir. Pertencer-te. Viver-te. Sentir-te. Redescobrir. Ressuscitar. Caminhar. Testemunhar. Verbos de acções que querem ser manifestação da tua profundidade. Rezo em mim a tua paixão e morte, para preparar com sentido de esperança e eternidade a tua ressurreição. Fazendo minha a tua Palavra. Tornando verbo a tua mensagem. Acreditando, vivendo, sentindo, pertencendo-te, vivendo-te, sentindo-te, redescobrindo-te, ressuscitando para esse caminhar que me faz tua testemunha. Tua Palavra.
Esta mulher errou, pecou, mas quem a pode julgar? Naquele lugar, assim como em tantos do nosso mundo, impõe-se a lei e não a presença de Deus, uma acusação e não a procura de um pensamento de Deus, o mal feito e não a vida que ainda se pode salvar, o desejo de condenar e não o desejo de se fazer comunhão.
Quando queremos demasiado condenar e nos dirigimos a Deus exigindo, agimos como aqueles fariseus e escribas cujo objectivo era pôr em cheque a salvação de Deus. A falta de sinceridade no coração leva à condenação final. A relação com Deus é uma questão de amor, é mais resposta de amor a um amor que nos precede, que gera vida por dentro, que procura comunhão. O pecado é recusar o Amor para encontrar segurança noutros amantes. E infelizmente isto é de todos: para a mulher adúltera, para as autoridades judaicas e para nós.

Jesus inclinou-se e começou a escrever com o dedo no chão. Como persistiam em interrogá-l’O, ergue-se e dissse-lhes: “Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra.” Inclinou-se novamente e continuou a escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio . (Jo 8, 1-11)

Como é diferente o olhar de Deus para connosco. De facto até poderíamos cair na tentação de querer saber o que Jesus escreveu no chão, mas não é isso o mais importante. Ele, a Palavra, não fala se não se entra em comunicação com o seu autor. A Lei foi dada para a vida e não para a condenação. Ela denuncia e condena o pecado mas nunca o pecador. E Jesus deseja e quer olhar para o coração e agir a partir do Seu coração. Inclinando-se, rejeita o papel de juiz e incarna o papel e missão de Deus misericordioso, capaz de se inclinar sob a pobreza humana.


No anonimato desta mulher estão simbolizadas todas as nossas enfermidades morais, as nossas traições a Deus, as nossas fugas para bem longe d’Ele, as nossas posições contra Ele. Somos pecadores, mas também sabemos que onde quer que estejamos Ele nos espera. No nosso encontro com Ele, a nossa culpa é perdoada e a sua misericórdia dá-nos energia para continuar o caminho, em novidade de vidaJesus ergueu-se e disse-lhe: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” Ela respondeu: “Ninguém, Senhor.” Disse então Jesus: “ Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar.” (Jo 8, 1-11)
A nossa miséria só é transformada e renovada no amor porque, nos curamos no encontro com Jesus, não como juiz, mas como Salvador e assim iniciamos uma nova vida: “ Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar.”

Eu sou como esta mulher, Senhor. Chego até Ti depois de percorrer muitos caminhos perdidos. E em Ti encontro o apelo à verdade. Tu não ofereces desculpas fáceis e infantis. Apelas à responsabilidade e a um amor grande. Ofereces o perdão que cura. Que permite começar de novo. Que me faz avançar em estradas de santidade.


Vídeo V Semana da Quaresma








SANTA QUARESMA

Abraço fraterno!
Arménio Rodrigues

Um comentário:

Maria Lúcia disse...

"Eu sou como esta mulher, Senhor. Chego até Ti depois de percorrer muitos caminhos perdidos. E em Ti encontro o apelo à verdade. Tu não ofereces desculpas fáceis e infantis. Apelas à responsabilidade e a um amor grande. Ofereces o perdão que cura. Que permite começar de novo."

Começar de novo, apelar para o perdão, perdoar..." Que sigamos os passos do Senhor!
Paz!