Nos últimos dias da sua
despedida, Jesus não deixa de recomendar aos seus o seu mandamento novo: “que
vos ameis uns aos outros como eu vos amei”. O mandamento do amor é o distintivo
de todos os cristãos. Supõe esta ligação essencial a Cristo e ao seu Evangelho.
Supõe esta adesão única à mensagem de Jesus e ao seu projecto de um novo
“Reino”. Supõe a libertação de tudo aquilo que não nos identifica com o que nos
é mais distintivo: uma forma de amar que é capaz, até, de perdoar aos inimigos.
E esta forma de amar foi-nos ensinada por palavras, e, mais que tudo,
testemunhada pela forma de actuar do Senhor que nos pede hoje que, como
comunidade, nos amemos uns outros, e como cristãos, não deixemos nunca de amar
como ele nos amou.
“Meus filhos, é por pouco tempo
que ainda estou convosco”.
Jesus, mais uma vez, previne os
discípulos do que vai acontecer. Certamente com este anúncio quer fazer
ressaltar ainda mais a importância do testamento que lhes quer deixar. Já não
terá oportunidade de lhes comunicar muito mais. Que fixem bem o “mandamento novo”
que lhes vai anunciar. Jesus parte fisicamente, mas a sua separação não será
definitiva. Temos nós consciência do que medeia entre esta separação e o Cristo
ressuscitado? Até que ponto recordamos e vivemos o que Ele nos assegurou
depois: “Não vos deixarei sós…”, “Estarei convosco…até ao fim do mundo”. Cristo
morto, mas ressuscitado. Cristo morto, mas vivo. Cristo morto mas pronto a
fazer connosco a vontade do Pai: a libertação dos homens! Contamos com Ele no
dia a dia da nossa vida de baptizados comprometidos?
“Dou-vos um mandamento novo: que
vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros.”
Sabemos que já no Antigo
Testamento Deus educara os judeus na linha do amor: “Amarás o teu próximo como
a ti mesmo” e “o estrangeiro que reside convosco…amá-lo-ás como a ti mesmo…”
podemos ler no Lv 19, 18.34. Onde está então a novidade do mandamento de Jesus?
Precisamente no “amai-vos como Eu vos amei”. Da pedagogia usada durante três anos
contra o egoísmo e interesses pessoais dos discípulos, passando pelo lava-pés
até à crucifixão, tudo foi amor na vida de Jesus. Se não o que é que faz um
Deus pendurado numa cruz? Não é essa cruz a amorosa e infinita gratuidade de um
Deus? Dar a vida por outro. Sem nada pedir. Por puro e gratuito amor. Pensando
apenas na felicidade do outro. É esse o Deus que nos pede que “nos amemos como
Ele nos amou”. Será que no-lo pode propor?
“Nisto conhecerão todos que sois
meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”.
A exigência de Jesus aos seus
discípulos continua a ser-nos proposta hoje a nós. Os cristãos somos homens
como os outros, vivemos nos mesmos locais, temos as mesmas profissões, os
mesmos divertimentos. Cidadãos em tudo iguais aos outros. Porém…possuímos uma
“marca d’agua” especial que distingue o nosso modo de viver: é amor! Não um
amor light, deturpado, egoísta, mas um amor que tem a sua fonte em Deus. Deus é
amor e só pode amar. O distintivo dos cristãos é esse amor que nasce de Deus,
um amor mútuo, gratuito, onde mergulha todo o nosso agir e viver,
transformando-o também em amor. Um amor que se dá, que se entrega, que consegue
dar um sentido divino à nossa vida. Exageros? Arroubos? Se é Jesus que no-lo
diz, que no-lo manda, que nos deu por primeiro o exemplo, como podemos ainda
duvidar? Não será antes um tentar justificar a nossa real falta de amor?
ORAÇÃO
Senhor, Vós que morrestes por nós
numa cruz, dai-nos um pouco de gratidão e de coerência: somos amados até ao
extremo e custa-nos a retribuir um pouco do amor que gratuitamente recebemos.
Quase sempre partimos do nosso desejo, do nosso gosto, da nossa vontade. É isso
que julgamos que está certo e nos torna felizes, Tu, Senhor, em tudo seguiste,
não a Tu vontade, mas a vontade do Pai. E por isso toda a Tua vida foi amor.
Ajuda-me, Senhor, a convencer-me que é amando que assemelharei a minha vida à
Tua.
Vídeo: Ama, crê e vai!!
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