Quaresma
Tempo Para Amar!
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Uma marcha de 40 anos
Através do deserto, na experiência do Êxodo e do sinai, Israel forjou-se como povo numa relação íntima de Aliança com o seu Deus. O deserto foi o caminho "obrigatório", que o povo de Deus teve de percorrer antes de entrar na terra prometida.
O caminho foi escolhodo por Deus, mesmo não sendo o mais curto, porque Deus queria ser o guia do seu povo (Ex 13, 21).
No deserto o povo adorou a Deus, recebeu a Lei e fez a Aliança que transformou os escravos fugidos no povo de Deus. Deus fez o povo no deserto para o levar à terra prometida. E o deserto tornou-se um autêntico itinerário pedagógico para o povo de Deus.
Deserto: caminho da escravidão à liberdade
Sair da escravidão (do egipto) é o inicio do caminho para a terra. O caminho-deserto passa pelo afastamento do bem-estar (pago com escravidão), e leva à realização das promessas feitas por Deus a Abraão (Gen 12, 1-9)
A experiência do deserto não é fácil. Ali não há caminhos já traçados. O deserto transforma-se num lugar de vida e de morte, num lugar de prova. A força do povo e a sua consistência radicam na fidelidade à Aliança que faz deles o povo de Deus.
Mas desde o inicio que os hebreus murmuram contra o Senhor: não há segurança, não há água, não há carne! (Ex 14, 1). Diante das dificuldades o povo suspira pelas cebolas do Egipto, sem pensar que isso era o regresso à escravatura.
O triunfo da misericórdia de Deus
Apesar das "murmurações" do povo e da completa escassez de recursos, a experiência do deserto proporcionou ao povo diversas ocasiões para sentir a misericórdia de Deus. É quanto nos demonstra o livro do Deuteronómio (1)
Deus é um educador. Através das provas do deserto, Israel aprendeu qual o comportamento que deveria assumir diante de Deus. No deserto, o povo aprendeu que toda a sua vida depende de Deus.
Os profetas e o deserto
Para os profetas, homens escolhidos por Deus para comunicar a Palavra ao povo, o deserto é um lugar privilegiado. O segundo Isaías - um profeta que acompanhara o povo de Judno exílio da Babilónia - anuncia poeticamente o seu regresso (que teria lugar no ano 538 ac), utilizando a metáfora do deserto que se transforma em jardim (Is 43, 18-21).
Para o profeta Isaías, o deserto representa o lugar da salvação e do perdão: "É assim que o vou seduzir: ao deserto o conduzirei, para lhe falar ao coração" (Os 2, 16)
A experiência de Jesus no deserto
Jesus, depois do baptismo, é levado ao deserto pelo Espírito. Retira-se quarenta dias para o deserto da Judeia, onde vence as tentações de Satanás (Lc 4, 1-13.
Tal como para Israel, também para Jesus, o deserto é o lugar da prova. A tentação é superada com a entraga de si mesmo a Deus e à sua palavra: "Nem só de pão vive o homem". ao senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto" e "Não tentarás ao Senhor, teu Deus".
Na sua vida pública, Jesus utilizou o deserto como refúgio contra as multidões e com o lugar para a oração. (Lc 4, 42-44).
Jesus: Caminho, verdade e vida
Jesus é aquele que realiza na sua pessoa os dons maravilhosos de outrora. Ele é a água viva, o pão do céu, o caminho e o guia.
Ele é aquele em quem se realiza a intimidade com Deus, pela comunhão com a sua carne e o seu sangue.
Em certo sentido podemos afirmar que Jesus cristo é o nosso deserto; n´Ele superámos a prova, n´Ele temos a comunhão perfeita com Deus.
Para o cristão, a "espiritualidade do deserto" é, acima de tudo, ver Jesus Cristo como "Caminho, Verdade e Vida" (Jo 14, 6); ao encontrá-Lo, tornamo-nos "sal e luz) no meio dos desertos de hoje, o deserto da pobreza, o deserto da fome e da sede, o deserto do abandono, da solidão, do amor destruido... o deserto do esquecimento de Deus, do vazio das almas que já não têm consciência da dignidade e do rumo do homem.
Nesta Quaresma é importante identificar quais são os "desertos" mais presentes no quotidiano da nossa vida...
Boa Quaresma!
Arménio Rodrigues
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