segunda-feira, outubro 08, 2012

Santo Agostinho e a catequese


Santo Agostinho foi um dos Padres da Igreja da idade de Ouro. Devido à sua grande influência na catequese merece uma referência especial. Além de ter deixado uma teoria e uma prática catequética, a sua doutrina influenciou muito os conteúdos da fé como, por exemplo o que se refere ao pecado original.

Santo Agostinho nasceu em Tagaste (Numídia) no ano 354, e recebeu de sua mãe Mónica a educação da fé. Era ainda o tempo em que o Norte de África era cristão. Porém, Agostinho aos 16 anos deixou o cristianismo com grande desgosto de sua mãe. Deixou a sua pátria e partiu para Roma e depois para Milão, como professor. A sua mãe seguiu-o de perto, enquanto rezava pela conversão do seu filho. Sedento de Deus, inquieto e sem paz interior, foi escutar os sermões do bispo Ambrósio de Milão. A partir daí, abandonou o maniqueísmo, uma heresia cristã, e fez-se catecúmeno, sendo depois baptizado na Vigilia Pascal pelo santo bispo. Regressando à sua terra, no norte de África, foi escolhido pela comunidade para sacerdote e, mais tarde, para bispo. Foi em contacto com o seu povo que se deu conta de como era importante investir na catequese. Viu a dificuldade que os catequistas do seu tempo tinham na explicação da fé e, por isso, escreveu o "De catechizandis rudibus", um manual de metodologia catequética. O bispo Agostinho, utilizando uma linguagem simples e profunda, dedicava muito tempo à pregação popular e à instrução do clero. Morreu em Hipona durante o assédio dos vândalos.

A teoria catequética
Desta sua teoria sublinho, em primeiro lugar, a importância que ele dá à narração. Apresentou a história da salvação, a partir do Génesis, pondo em destaque os momentos mais fortes na história do povo de Deus.
Jesus Cristo aparece como o grande acontecimento da humanidade, para o qual converge o Antigo Testamento e do qual parte o Novo Testamento.
Agostinho tinha um desejo: que quem escuta a Palavra de Deus acredite; e quem acredita tenha esperança; e quem tem esperança pratique a caridade, o amor. Temos aqui as três virtudes teologais como as atitudes básicas do seguidor de Jesus Cristo: ser forte na fé, firme na esperança e activo na caridade.
A catequese devia estar relacionada com a vida, de forma que os crentes, vivendo na cidade terrena, se sentissem cidadãos da cidade futura, o Paraíso. E isto porque no baptismo morremos com Cristo para ressuscitar com Ele na vida eterna. Na sua teoria catequética, Agostinho deu importância ao testemunho da alegria que o catequista deve dar aos catequizandos, sendo a encarnação viva da Boa Nova que anuncia e explica.

A prática catequética
Santo Agostinho entendia a catequese para vários grupos de pessoas. Note-se que estamos no século IV e ainda não se tinha divulgado o batismo das crianças. Era ainda o tempo do catecumenado, que irá decaindo com a paz de Constantino.
A catequese era, primeiramente, para os catecúmenos. Agostinho expõe a verdade acerca de Deus Pai, do Verbo Incarnado que morreu e ressuscitou, e do Espírito Santo. Fala também da Igreja, Santa como Maria e pecadora nos seus filhos. Fala do pecado, na salvação e na ressurreição dos mortos. Entregava-se no final o Símbolo dos Apóstolos.
A catequese era também para os "eleitos", os que se estavam já a preparar para o Batismo. Esta incidia nos deveres morais do cristão: "Nós semeamos a semente da palavra e vós dais o fruto da fé", vivendo um vida nova. A catequese era também para os neófitos, isto é, os que mergulhavam nas águas baptismais e renasceram como homens novos em Cristo Pascal. Tratava-se de uma catequese mistagógica, isto é, de iniciação aos mistérios que receberam na noite pascal. Era, sobretudo, uma catequese acerca da Eucaristia como mistério de fé. Finalmente, a catequese tinha como distinatários todos os fiéis. Nunca era demais aprofundar as razões da nossa fé e da nossa esperança.

O catequista desanimado
Santo Agostinho, ao escrever o "De catechhizandisbrudibus" fê-lo como sendo a resposta a um diácono de Cartago, catequista desanimado, encarregado de ensinar a doutrina a principiantes pagãos que, embora rudes, estavam desejosos de conhecer o essencial do cristianismo. Esta sua obra permaneceu até aos dias de hoje.
Para terminar, fique uma das suas intuições: é preciso que o catequista contagie os catequizandos com a sua alegria; e que estes, por sua vez, com a sua adesão à fé, animem os seus catequistas. Ambos são ouvintes da Boa Nova.


Video - Lugar de intimidade

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Abraço fraterno!
Arménio Rodrigues




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